José Orlando Rocha, 63 anos, agricultor de Colônia Nova, em Tapejara, realiza suas atividades e leva uma vida ativa e saudável. Em um domingo, ele descansava quando começou a sentir dores fortes no peito. Foi deitar achando que era algo muscular. Mais tarde a dor começou a aumentar, foi quando a família o levou ao hospital. Chegando em Tapejara, a médica que lhe atendeu realizou um eletrocardiograma que inicialmente não mostrou grandes problemas. Minutos depois, outro exame foi realizado e veio a confirmação de que seu José estava enfartando. Imediatamente ele foi colocado em uma ambulância e encaminhado para o Hospital São Vicente de Paulo de Passo Fundo. A filha Marinez Rocha, estudante de Enfermagem, foi avisada de que seu pai estava a caminho do hospital. Estagiária do setor de Hemodinâmica do HSVP ela relata a angústia. “Saí correndo para esperar a ambulância que estava a caminho. Ele chegou com muitas dores e já foi levado para a Hemodinâmica, onde o doutor falou que o quadro dele era grave”. José realizou o procedimento chamado cateterismo e depois de algumas horas já se sentia bem. “Foi por muito pouco, mais alguns minutos e perderíamos o pai”, relembra a filha. Felizmente, o diagnóstico e atendimento rápido mudaram seu destino.
Telemedicina
José é um dos 127 pacientes beneficiados pelo Programa de Telemedicina –LATIN-– Latin America Telemedicine Infarct Network, uma ferramenta resolutiva que otimiza a logística dos pacientes acometidos pelo infarto agudo do miocárdio. O LATIN é um trabalho em parceria com o Hospital São Vicente de Paulo e fazem parte do programa cinco municípios da região. A central do programa é Uberlândia, onde cardiologistas estão 24h de plantão e recebem os eletrocardiogramas dos pacientes em tempo real. O laudo chega em até cinco minutos para os municípios. O HSVP é o hospital de referência destes municípios e ao receber as informações do paciente, uma equipe já fica preparada para atender o caso.
Eficácia
Em abril, o HSVP realizou a II Reunião Trimestral de Coordenadores do Programa LATIN, que contou com a presença de representantes de cinco municípios, onde foram apresentados os resultados. Conforme o enfermeiro Rodrigo Ribeiro, gestor da Hemodinâmica/Eletrofisiologia do HSVP e coordenador regional do LATIN, ao longo de um ano e três meses foram tratados mais de 127 pacientes com infarto agudo e realizados mais de 8.525 eletrocardiogramas. Rodrigo destaca que segundo as Diretrizes da American Heart Association, o tempo porta-balão deve ser de no máximo 90 minutos. É um indicador de eficácia na abordagem de tratamento destes pacientes, da chegada a emergência do Hospital de referência, até a desobstrução da artéria responsável pelo infarto. “No HSVP este indicador, neste período de implantação do LATIN, o tempo é inferior a 40 minutos, o que denota a eficácia da equipe e agilidade no atendimento, beneficiando diretamente o paciente, com a redução significativa dos danos ao músculo cardíaco. Devemos ter a consciência de que tempo é músculo e salva a vida dos pacientes”.
Tempo que muda destinos
“O envio dos exames para profissionais especializados, o acompanhamento da médica do programa até Passo Fundo e o atendimento rápido realizado no HSVP salvaram a vida do meu pai”, enaltece Marinez. “Meu pai não era uma pessoa com pré-disposição ao infarto. Era saudável, ativo e mesmo assim foi acometido. Ele chegou ao hospital com músculo cardíaco comprometido e realmente se a equipe não estivesse preparada ele não ia sobreviver. Hoje só podemos agradecer por tê-lo conosco com saúde. Eu depois de vivenciar essa situação busquei estágio na área de Hemodinâmica, pois queria ver de perto esse trabalho maravilhoso”.