O diabetes é uma doença que muda a vida das pessoas, pois se é necessário modificar sua rotina e hábitos de vida. É considerada quase uma epidemia, a Federação Internacional de Diabetes estima que existam 177 milhões de diabéticos no mundo. No Brasil, estima-se que mais de 12.5 milhões de pessoas tenham diabetes, quase 10% de toda a população do país! Isso nos faz o 4o país do mundo com mais diabéticos e o 3o lugar nos países com mais crianças com diabetes do tipo 1. É uma doença que pode causar diversas complicações, ocasionadas pelo mau controle da glicose. Uma das mais comuns é o acometimento dos pés. Segundo a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) um em cada quatro diabéticos terá problemas nos pés ao longo da sua vida, e metade deles terá alteração na sensibilidade dos pés, chamada polineuropatia diabética. E o problema do acometimento dos pés no diabetes é que ele pode ocasionar amputação quando não se tem cuidados. No Brasil, 55 mil diabéticos são amputados por ano! Mas isso é o mais importante: a amputação do paciente diabético pode ser prevenida com o cuidado com os pés e com a avaliação da circulação.
Autoexame diário
A prevenção começa com um autoexame diário. Como o paciente diabético pode não ter sensibilidade nos pés, infecções podem não ser percebidas nas fases iniciais. Se não puder fazer sozinho, deve pedir para alguém acompanhar, procurando por feridas, frieiras, calos, rachaduras, alterações na cor da pele e alterações nas unhas. Os pés devem ser mantidos sempre limpos, sem usar água quente para evitar queimaduras. Não ande descalço, mas evite calçados apertados e tome cuidados na hora de cortas as unhas ou cuidar das cutículas. Nas suas consultas, peça para o seu médico examinar seus pés. Se encontrar alguma alteração ou mau cheiro, procure um médico imediatamente.
Avaliação e tratamentos
Além da falta de sensibilidade, a má circulação afeta 50% dos pacientes com alterações nos pés, e nem sempre os sintomas estão presentes quando a falta de sensibilidade se instala. Todos os pacientes diabéticos depois dos 50 anos devem ser avaliados para ver como está a sua circulação dos pés. Parar de fumar é fundamental para evitar a má circulação. Mesmo que exista má circulação, ou mesmo uma ferida, atualmente existem várias formas de curativos e tratamentos para evitar uma amputação, que podem ser realizados por cirurgia ou principalmente por cateterismo, e um cirurgião vascular é o melhor profissional para cuidar disso. O mais importante é procurar ajuda o mais cedo possível, pois uma amputação causada por infecção no pé de um diabético pode ser evitada quando tratada precocemente!
Dr. Mateus Picada Correa é cirurgião vascular, endovascular e radiologista intervencionista do Invasc, membro do corpo clínico do Hospital de Clínicas de Passo Fundoe da Associação Latinoamericana de Pé Diabético e da Força-Tarefa Internacional Contra a Amputação.