Campanha alerta sobre doenças inflamatórias intestinais

A Doença de Crohn pode afetar qualquer parte do tubo digestivo

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Dra. Angelina Dantas Costa é médica gastroenterologista do Hospital de Clínicas de Passo FundoDra. Angelina Dantas Costa é médica gastroenterologista do Hospital de Clínicas de Passo Fundo
Dra. Angelina Dantas Costa é médica gastroenterologista do Hospital de Clínicas de Passo Fundo
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A Campanha Maio Roxo tem por objetivo esclarecer e alertar sobre as doenças inflamatórias intestinais, a Doença de Crohn e a retocolite ulcerativa. A Dra. Angelina Dantas Costa, gastroenterologista do Hospital de Clínicas de Passo Fundo, explica que as doenças inflamatórias intestinais (DIIs) abrangem a Doença de Crohn (DC) e a retocolite ulcerativa (RCU), que são duas patologias graves e crônicas do trato digestivo, que provocam uma inflamação no tecido do intestinal podendo gerar feridas e sangramentos.

 

Os sintomas
As DIIs podem acometer todas as idades, mas predominam em pacientes jovens com a maioria dos diagnósticos antes dos 30 anos de idade. Os principais sintomas são dor abdominal, diarreia e sangramento nas fezes. Podem ser acompanhados de febre, perda de peso, dores nas articulações e feridas na região do ânus (fissuras, fístulas, plicomas).

 

Incidência
Estima-se que cerca de 5 milhões de pessoas no mundo convivam com essas doenças. Diferente da América do Norte e Europa, a incidência nos países em desenvolvimento como o Brasil ainda é baixa, porém em crescente aumento: até 1995 a incidência da Doença de Crohn era de 0,68 novos casos a cada 100 mil habitantes; em 2015 aumentou para 5,5 casos novos a cada 100 mil indivíduos.

 

Hereditariedade
O risco de RCU é de 4 vezes maior em filhos de pais/mães com retocolite ulcerativa, e o risco de Doença de Crohn é 8 vezes maior em filhos de pais/mães com DC; logo, existe uma predisposição genética, porém ainda muito influenciadas também por fatores externos e ambientais como infecções e uso de antibióticos nos primeiros anos de vida, condições socioeconômicas e dieta ocidental.

 

Retocolite e Crohn
A retocolite ulcerativa se caracteriza pela inflamação do tecido de revestimento interno do intestino mais superficial (mucosa) e atinge apenas o reto e/ou intestino grosso de forma contínua. Já a Doença de Crohn pode afetar qualquer parte do tubo digestivo (da boca ao ânus), principalmente a porção final do intestino delgado (íleo terminal) e o intestino grosso, de forma descontínua ou “salteada”. A inflamação na Doença de Crohn geralmente atravessa a mucosa, podendo gerar úlceras mais profundas, estreitamentos (estenoses) , fístulas e perfurações.

 

Diagnóstico
Através da história clínica junto aos exames laboratoriais e de imagem. Podem ser solicitados exames de sangue, fezes e a colonoscopia - através desta última podemos visualizar as lesões características das doenças inflamatórias intestinais no íleo terminal, intestino grosso e reto, e, ainda, coletar biópsias para auxiliar o diagnóstico. Exames como tomografia computadorizada, entero-tomografia, entero-ressonância e cápsula endoscópica também ajudam quando se suspeita de Doença de Crohn no intestino delgado, bem como na avaliação da extensão e das complicações da doença.

 

Tratamento
Na retocolite ulcerativa o tratamento clínico constitui medicações que combatem a inflamação em forma de supositórios, enemas e comprimidos dependendo da extensão e gravidade da doença. Nos casos mais graves, podem ser necessários imunossupressores mais potentes, como os imunobiológicos, que são administrados via endovenosa ou subcutânea. O tratamento clínico na doença de Crohn também inclui imunossupressores via oral e imunobiológicos dependendo da extensão e gravidade da doença. Os corticoides são usados nas crises das doenças conforme orientação médica. Nos casos em que não há reposta adequada com o tratamento clínico ou que apareçam complicações graves (estenoses, perfurações ou fístulas) o tratamento cirúrgico é necessário.

 

Alerta
Pacientes com diarreia há mais de duas semanas, sangramento nas fezes e/ou dor abdominal recorrente devem procurar atendimento médico. O diagnóstico das doenças inflamatórias intestinais quando precoce permite iniciarmos tratamento adequado a fim de evitar complicações mais graves dessas doenças. Aos pacientes que já acompanham e estão em tratamento não devem suspender as medicações quando “melhorarem” dos sintomas. A retocolite ulcerativa e a Doença de Crohn não têm cura, porém são controladas com uso de medicação contínua e acompanhamento médico especializado regular. Seguindo essas orientações, os pacientes podem ter uma vida ativa e produtiva. 

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