Treze milhões de brasileiros são diabéticos

Doença metabólica é crônica e pode levar a graves complicações

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De acordo com a Organização Pan-Americana de Saúde a diabetes é a causa de 5% das mortes em todo o mundo. No Brasil, segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), existem mais de 13 milhões de pessoas convivendo com a doença, o que caracteriza 6,9% da população. Na semana em que foi lembrado o Dia Internacional do Diabético, 27 de junho, o Hospital São Vicente de Paulo, de Passo Fundo, atenta para a importância do diagnóstico precoce e tratamento da doença. O endocrinologista e coordenador de Pesquisa e Pós-graduação do Hospital de Ensino São Vicente de Paulo, Dr. Hugo Lisbôa, afirma que a Diabete Mellitus “é uma doença metabólica crônica cuja característica principal é o aumento da glicose na circulação devido a uma falha total ou parcial da secreção de insulina pelo pâncreas”. A insulina, por sua vez, “é o hormônio produzido pelas células beta no pâncreas, cuja secreção aumenta à medida que a glicose, o açúcar, sobe no sangue”, explica Hugo.

 

Tipo 1
O professor Hugo Lisbôa explica que há dois tipos principais de diabetes: a do tipo 1 e a do tipo 2. A do tipo 1 ou insulino dependente, como também é conhecida, é responsável por cerca de 10% dos casos. Ela se caracteriza por “haver um ataque imunológico contra a célula beta, cujas razões são desconhecidas”, afirma o médico. O tratamento, nesse caso, requer o uso contínuo de insulina, já que o paciente não produz esse hormônio. Hugo revela que “neste tipo de diabete não há uma prevenção conhecida no momento”.

 

Tipo 2
A do tipo 2 é mais frequente e é causada por fatores genéticos e ambientais. Conforme Hugo, as pessoas que engordam e fazem pouca atividade física são as mais propensas para desenvolver a doença, porém essa é uma situação controlável. “Aqueles indivíduos que não fazem exercícios desenvolvem uma obesidade que se situa principalmente na barriga. Em virtude disso, engordam o fígado”, relata Lisbôa. Esse processo é chamado de esteatose e piora a resistência à insulina, o que faz com que o pâncreas trabalhe muito mais.

 

Fatores de risco
Os principais fatores de risco são “a herança genética associada a uma dieta ocidental, com muito fast food e refrigerantes, que levam à obesidade”, avalia o médico. Os hábitos sedentários, jogos de computadores, internet, redes sociais, entre outros, relacionado a essa dieta ruim, para Hugo “oferecem as condições necessárias para o desenvolvimento da diabetes”.

 

Diagnóstico
Do número total estimado de pessoas com diabetes, no Brasil, metade não tem diagnóstico. Para Lisbôa, “os pacientes do tipo 1 tem quadro exuberante onde aparecem aumento de sede, aumento da quantidade de urina e emagrecimento, mesmo com maior consumo de alimentos”. O diabetes do tipo 1 deve ser tratado com insulina junto de cuidados na dieta e estimulo de atividade física. No tipo 2, o início pode ser insidioso e praticamente sem sintomas. “O diagnóstico laboratorial se faz quando se encontra uma glicose no sangue, em jejum, acima de 126 mg por decilitro. Hoje, a dosagem pode ser feita, também, por punção digital, onde, numa gota de sangue, se pode medir glicose com uma fita. Aqueles que, a qualquer hora, apresentarem uma glicose acima de 200 mg por decilitro, podem ser considerados diabéticos” afirma Hugo.

 

Tratamento
Nesse caso, os indivíduos podem ser tratados somente com dieta e exercícios físicos regulares. “Caso não haja resposta a essa mudança de estilo de vida é necessário o uso de medicamentos. Metformina, medicação usada há 50 anos, costuma ser prescrita na primeira etapa. Se com este remédio, não conseguir controle adequado, há vários outros grupos de drogas que devem ser adaptadas para cada paciente em particular. Não há uma regra geral, o médico é que vai decidir a partir de características daquele indivíduo”, explica Lisbôa.

 

Prevenção
Diferente do tipo 1, que não se conhece prevenção, o tipo 2 pode ser prevenido. “É necessário um cuidado com a dieta, diminuindo a ingestão de refeições abundantes e restringir comidas com carboidratos refinados (farinhas, pão, massas, arroz branco batatas mandioca, entre outros), neste grupo são incluídos os refrigerantes que tem o maior índice glicêmico” alerta o médico.

 

Complicações
Segundo Lisbôa, as principais complicações do diabetes ocorrem no sistema circulatório. “Essas podem se exteriorizar no fundo de olho (retina), rins e nervos. Podem levar a cegueira, insuficiência renal e amputações dos membros inferiores”. Complicações macro vasculares, como por exemplo, o infarto do miocárdio e o acidente vascular cerebral, tem um maior risco de ser desenvolvida por pacientes diabéticos, além disso, elas são as principais causas de morte desses pacientes.

 

Medicamentos
O especialista revela que há mais ou menos cinco anos foram lançadas medicações que, além de baixar a glicose no sangue, têm efeito protetor para doenças cardiovasculares. As gliflozinas atuam nos rins, fazendo com que a glicose seja eliminada pela urina. Além disso, existem as incretinas sintéticas que são injetáveis, algumas somente uma vez por semana, que diminuem o peso do paciente, a glicose e, também, demonstraram ter um efeito protetor cardiovascular. Para o médico “essas duas medicações são revolucionárias porque, pela primeira vez, temos medicações com efeito sobre glicose e sobre o as doenças cardiovasculares”.

 

Estratégia
Hugo Lisbôa ressalta que “a despeito de todas essas novidades, os exercícios físicos sistemáticos, como caminhar 30 minutos cinco vezes por semana e adotar uma dieta saudável, são as estratégias mais importantes para prevenção e para o tratamento da diabetes mellitus”.

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