Amamentar até pode parece ser algo simples. Porém, para ser eficiente de fato diversas áreas de conhecimento estão envolvidas. Uma delas é a fonoaudiologia. No Centro Obstétrico e Maternidade do Hospital São Vicente de Paulo, de Passo Fundo, o aleitamento materno é incentivado e preconizado desde a primeira hora de vida do bebê. Com uma equipe multiprofissional, as mães recebem orientações e toda a ajuda que necessitam para iniciar o processo de amamentação. A fonoaudióloga do HSVP, Maria Cristina Lucateli, revela que a parte fonoaudiológica “vê a amamentação como nutrição do bebê, vínculo mãe e filho e desenvolvimento anatomofuncional das estruturas orofaciais”. Além disso, também trabalha questões desde a amamentação que refletem posteriormente na fala. Já que durante a amamentação, se trabalha as estruturas orofaciais para que se desenvolvam de maneira adequada, visando não ter problemas de fala e mastigação no futuro.
Amamentação eficiente
O processo funciona de forma que se identificam as dificuldades na amamentação como, por exemplo, reflexos exacerbados do bebê, o GAG anteriorizado, que é o reflexo de náusea, a sucção ou se tem frênulo lingual curto. “A gente vai identificar e entrar em contato com quem precisa para resolver esse problema e adequar a técnica desse bebê no seio e desenvolver essa amamentação de maneira eficiente”, avalia a profissional. Para Laura Cristine Giacometti, que também é fonoaudióloga do HSVP, a pega correta favorece “esse desenvolvimento da musculatura da face, das estruturas do sistema estomatognático que é a sucção, a deglutição, a mastigação e a respiração, então o bebê que mama no seio, respira pelo nariz. O crescimento facial dele é harmônico e isso vai desenvolver depois para que ele consiga mastigar bem e falar”.
O teste da linguinha
Laura ressalta que muitas vezes as alterações no frênulo lingual podem levar a alguma dificuldade de o bebê conseguir esgotar bem a mama, a fazer uma pega correta, a não acontecer a fissura no peito. Então, muitas vezes o bebê acaba não conseguindo. “Limita o movimento da língua e ele acaba machucando o peito da mãe, faz fissura, vai querer mamar muito seguido e não vai saciar. Essa questão da sucção dele é porque vai estar sempre querendo saciar e pode levar ao uso de outros hábitos”, destaca. Para Maria Cristina, em função desse problema, o bebê não vai conseguir esgotar a mama porque vai cansar antes do processo terminar. “Ele não consegue realizar o movimento de elevação da língua e a retração para fazer a extração do leite da mama”, explica.
Alterações
Laura revela que “o fonoaudiólogo atua avaliando se esta alteração na língua pode estar ou não interferindo na mamada, porque nem toda alteração precisa fazer procedimento”. Além disso, ela destaca a questão dos prematuros, que para conseguirem mamar, necessitam atingir no mínimo 34 semanas de idade gestacional. Nesses casos o fonoaudiólogo avalia a sucção do bebê, se possui condição para sugar, deglutir e respirar. “Se ele tem condição disso, começam os treinos de amamentação. Para as mães de prematuros, o desafio do incentivo ao leite materno é maior ainda”, frisa. Devido a isso, o trabalho das fonoaudiólogas é ainda mais intenso na CTI Neonatal e Pediatria. Antes de colocar o prematuro no seio, as fonoaudiólogas realizam um preparo, a sucção não-nutritiva, onde são estimulados os reflexos normais desse bebê, que são de busca, sucção e deglutição, através de estímulos intra e extra orais. “A gente vai acelerando esse processo para que quando ele chegue às 34 semanas, vá para o seio sabendo o que fazer” ressalta Maria Cristina.
(Matéria completa na edição impressa: Medicina & Saúde)