De acordo com os dados recentes, levantados pela Vigitel (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico - Ministério da Saúde), metade da população adulta brasileira está acima do peso e um quinto dela se encontra obesa. A endocrinologista Dra. Eline Dias Pereira explica que a obesidade é uma doença multifatorial e que tanto fatores genéticos como ambientais colaboram para essa epidemia, mas o ambiente se torna mais relevante por ser onde se tem maior possibilidade de agir. “A rotina mais agitada que acompanha a população nas últimas décadas acaba sendo a justificativa para o aumento do sedentarismo, alimentação hipercalórica e pobre em nutrientes e distúrbios emocionais como a depressão e a ansiedade, que prejudicam na escolha nutricional”, revela.
Doença multicausal
A endocrinologista explica que o papel do médico especialista é diagnosticar não somente a obesidade, mas se existem outras comorbidades associadas, como diabetes, hipotireoidismo, hipertensão arterial, dislipidemia ou outros distúrbios endocrinológicos mais raros que podem ser causa ou consequência da patologia. “Também ajudamos o paciente a entender os motivos que levaram ao ganho de peso ou até mesmo a identificar erros alimentares, isso é, alimentos que o paciente consome por achar que está fazendo uma escolha saudável quando na verdade poderia fazer escolhas melhor se tivesse maior conhecimento nutricional”, frisa. Por se tratar de uma doença multicausal, é necessária uma abordagem multidisciplinar. A endocrinologista ressalta que diversos profissionais devem estar envolvidos como psicólogo, nutricionista, educador físico, fisioterapeuta, cardiologista, psiquiatra, entre outros.
Tratamento
Outro ponto que o endocrinologista pode ajudar é na utilização de medicações pertinentes a cada paciente, o que deve ser muito bem analisado e discutido individualmente. Nestes casos é importante identificar se o paciente realmente precisa da medicação, escolher a medicação conforme a causa da obesidade e frisar que a medicação é um auxílio ao tratamento. “Nenhuma medicação que temos disponíveis no mercado é eficaz se não forem associadas às mudanças de estilo de vida. Temos medicação que amenizam os sintomas de ansiedade, de depressão, de compulsão alimentar, de fome, aumentando a saciedade, e também que evitam parte da absorção das gorduras pelo trato gastrointestinal, por isso a importância de identificar se é necessária, para quem e qual a melhor opção terapêutica”, comenta a médica. Medidas restritivas como balão gástricos e restritivas associadas com técnica disabsortivas, como a cirurgia bariátrica, também são opções terapêuticas, entretanto, são indicadas apenas para casos refratários aos tratamentos clínicos.
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