O mês de outubro, serve de alerta para os cuidados com a psoríase, doença que afeta cerca de 2,5% da população mundial e 1,5% da população brasileira, de acordo com dados divulgados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Sendo definida como uma doença inflamatória de pele, não contagiosa, relativamente comum e crônica, a psoríase é caracterizada pela presença de manchas róseas ou avermelhadas, recobertas por escamas esbranquiçadas, que aparecem, em geral, no couro cabeludo, cotovelos e joelhos. Conforme explica a médica dermatologista do Hospital São Vicente de Paulo de Passo Fundo, e preceptora do Ambulatório de Psoríase da Residência Médica em Dermatologia da UFFS/HSVP, Dra. Elisângela de Quevedo Welter, a causa da psoríase ainda é desconhecida. “Sabe-se que pode estar relacionada ao sistema imunológico, às interações com o meio ambiente e à suscetibilidade genética", ressalta. Acredita-se que ela se desenvolve quando os linfócitos T, células responsáveis pela defesa do organismo, liberam substâncias inflamatórias e formadoras de vasos.
Não é contagiosa
Dessa forma, "iniciam-se as respostas imunológicas que incluem dilatação dos vasos sanguíneos da pele e infiltração da pele com células de defesa. Como as células da pele estão sendo atacadas, sua produção também aumenta, levando a uma rapidez do seu ciclo evolutivo, com a consequente produção de escamas devido à imaturidade das células”, salienta a dermatologista. Assim, esse ciclo faz com que ambas as células mortas não consigam ser eliminadas eficientemente, formando manchas espessas e escamosas na pele. A psoríase ocorre principalmente antes dos 30 e após os 50 anos de idade, porém em 15% dos casos, pode aparecer ainda na infância. A dermatologista reforça, ainda, que a doença não é contagiosa. “O contato com pacientes não precisa ser evitado”. Apesar de não parecer haver relação alguma, casos graves de psoríase podem estar associados ao surgimento de outras condições como hipertensão, depressão e síndrome metabólica. Além disso, conforme Elisângela, quase 30% dos pacientes com doença na pele podem ter artrite psoriásica associada. "O médico deve ser informado do histórico familiar e de manifestações anteriores de outras doenças".
Fique atento aos fatores de risco
Alguns fatores podem aumentar as chances de uma pessoa adquirir a doença, ou piorar o quadro clínico já existente. Dentre eles, o histórico familiar, já que entre 30% e 40% dos pacientes de psoríase tem histórico familiar da doença, conforme explica Elisângela. Alerta ainda, para fatores como o estresse, obesidade, consumo de bebidas alcoólicas e o tabagismo. “Pessoas com alto nível de estresse possuem sistema imunológico debilitado. Já o cigarro, não só aumenta as chances de desenvolver a doença, como também a gravidade da mesma quando se manifesta”. O tempo frio também é um fator de risco, pois é o momento em que a pele fica mais ressecada. “A psoríase tende a melhorar com a exposição solar”, pontua. Assim, seja como forma de controlar a reincidência ou na hora de lidar com a psoríase, recomenda-se manter uma qualidade de vida saudável, com boa alimentação e com a prática de exercícios físicos. “O acompanhamento dermatológico e o uso adequado dos tratamentos de manutenção”, é outra dica dada pela dermatologista.
Sintomas podem variar
De acordo com a médica, "os sintomas da psoríase podem variar a cada paciente e conforme o tipo da doença". Contudo, de modo geral, além das manchas vermelhas com escamas secas esbranquiçadas ou prateadas, os sintomas podem incluir pequenas manchas brancas ou escuras residuais pós-lesões, pele ressecada e rachada, às vezes, com sangramento, coceira, queimação e dor, unhas grossas, sulcadas, descoladas e com depressões puntiformes, inchaço e rigidez nas articulações. “Além disso, por ser uma doença clínica, a psoríase apresenta sintomas que desaparecem e reaparecem periodicamente. Normalmente, essa cadeia só é quebrada com tratamento", salienta a médica.
Tratamento
Cada tipo e gravidade de psoríase pode responder melhor a uma forma diferente de tratamento, ou a uma combinação de terapias. Conforme explica Elisângela, o que funciona bem para uma pessoa não necessariamente funcionará para outra, dessa forma, o tratamento da psoríase é individualizado. "Hoje, com as diversas opções terapêuticas disponíveis, já é possível viver com uma pele sem ou quase sem lesões, independentemente da gravidade da psoríase. O tratamento é essencial para manter uma qualidade de vida satisfatória. Nos casos leves, hidratar a pele, aplicar medicamentos tópicos apenas na região das lesões e exposição diária ao sol, nos horários e tempo adequados e seguros, são suficientes para melhorar o quadro clínico e promover o desaparecimento dos sintomas”. Os casos moderados a graves devem ser avaliados individualmente, destaca a dermatologista, salientando ainda que existe a fototerapia, onde a radiação UV em câmaras especiais trata a doença e vários medicamentos sistêmicos com ótimas respostas de controle da doença. "Os medicamentos imunobiológicos são uma nova categoria de medicamentos com ótima resposta em casos refratários aos tratamentos convencionais".