O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde, Dr Tedros Adhanom Ghebreyesus, informou hoje (25) que suspendeu os testes com os medicamentos hidroxicloroquina e cloroquina. A decisão vem depois da publicação na sexta-feira (22) de um estudo observacional sobre o uso dos medicamentos e seus efeitos em pacientes hospitalizados de Covid-19. Os autores relataram que estimaram uma maior taxa de mortalidade entre os pacientes que receberam o remédio sozinho ou com um macrólido (um tipo de antibiótico).
O grupo executivo responsável pelos testes, com representantes de 10 países participantes, se reuniu no sábado e concordou em realizar uma “análise abrangente e avaliação crítica de todas as evidências disponíveis globalmente”, de acordo com Ghebreyesu. A análise deve medir o potencial do medicamento causar benefícios ou prejuízos. O diretor ainda ressalta que os medicamentos são seguros para pacientes com malária e doenças autoimunes.
Ensaio Solidariedade
Os testes do efeito da hidroxicloroquina e cloroquina em pacientes com Covid-19 fazem parte do Ensaio Solidariedade, que foi implantado há mais de dois meses pela OMS para avaliar a eficácia de quatro medicamentos e combinações de remédios contra a COVID-19. Participam dos teste mais de 400 hospitais em mais de 35 países. Até o momento, quase 3500 pacientes de 17 países foram inscritos. Os estudos de cloroquina e hidroxicloroquina foram os únicos pausados, o diretor-geral garantiu que os demais testes continuam.
Trump e Bolsonaro*
Os medicamentos são bandeiras do Presidente americano, Donald Trump, e de Bolsonaro. Trump afirmou inclusive que está tomando hidroxicloroquina diariamente como medida de prevenção, apesar de constantes alertas de especialistas. A Administração de Alimentos e Medicamentos dos EUA (FDA, na sigla em inglês) emitiu alerta sobre o uso do remédio ainda em 24 de abril. A FDA disse que está "ciente de relatos de sérios problemas de arritmia cardíaca" em pacientes de covid-19 tratados com a hidroxicloroquina ou com cloroquina.
Na semana passada, o Ministério da Saúde incluiu a cloroquina, e seu derivado hidroxicloroquina, no protocolo de tratamento para pacientes com sintomas leves de covid-19 no Brasil. De acordo com o novo protocolo, cabe ao médico a decisão sobre prescrever ou não a substância, sendo necessária também a vontade declarada do paciente, com a assinatura do Termo de Ciência e Consentimento.
*Com informações da Agência Brasil