Ao chegar na farmácia, a mulher vítima de violência doméstica pede pela “máscara roxa”, que funciona como código para que o atendente saiba que se trata de um pedido de ajuda. Ele, então, dirá que o produto está em falta e pegará alguns dados pessoais, como telefone pessoal e de alguém de confiança, além do endereço, para avisá-la quando chegar. Com essas informações, o atendente irá contatar a Polícia Civil do município e repassar a denúncia, via WhatsApp, para que o órgão tome as medidas necessárias.
Essa é a dinâmica em torno de uma nova maneira de relatar abusos, agressões e demais formas de violência contra a mulher na região do Planalto, que engloba as cidades pertencentes à zona geográfica de Passo Fundo, e Alto da Serra do Botucaraí, que abrange os municípios próximos a Soledade. É nas farmácias que, com a identidade protegida, as vítimas podem agora buscar auxílio contra os agressores. “Para uma mulher sair de casa e denunciar o agressor não deve ser fácil. Então, deve haver uma rede de proteção para facilitar a realização da denúncia”, afirmou o deputado estadual e coordenador do Comitê Gaúcho ElesPorElas, Edegar Pretto (PT), durante uma coletiva de imprensa virtual, na manhã de terça-feira (14). “Temos uma subnotificação no Rio Grande do Sul. Estamos tentando contribuir para ter um lugar seguro e discreto para as mulheres saírem desse sofrimento. Em uma pandemia, tudo pode fechar, mas as farmácias não fecharão”, prosseguiu o parlamentar.
Os estabelecimentos aptos a fornecer assistência primária às vítimas estão identificados com um selo “Farmácias Amigas das Mulheres” logo nas vias de acesso. Em Passo Fundo, a Vida Farmácias foi a primeira a ser credenciada para operacionalizar as denúncias por aplicativo de mensagem.
Como funciona a campanha
Lançada no dia 10 de junho no Estado, a Campanha Máscara Roxa permite que mulheres vítimas de violência doméstica façam denúncias em farmácias. Ela começou com 600 farmácias, e já são mais de 1.300 unidades de quatro redes envolvidas. Até o momento, farmácias de oito municípios gaúchos já receberam denúncias, em Venâncio Aires, Bento Gonçalves, Casca, Pinhal, Capão da Canoa, Vitória das Missões, Rio Grande e Porto Alegre. De acordo com Pretto, os atendentes receberam capacitação online para o procedimento e para garantir a segurança da vítima.
Em uma corrente global da ONU Mulheres, a iniciativa foi motivada pelo aumento de casos de feminicídios no Rio Grande do Sul durante o período de isolamento, decorrente da pandemia do coronavírus. Nos meses de março, abril e maio 28 mulheres foram assassinadas por questões de gênero, conforme dados da Secretaria de Segurança Pública do Estado. Somente em abril, o aumento foi de 66,7% em relação ao mesmo mês do ano passado. Ao todo, de janeiro a junho deste ano, 51 mulheres morreram vítimas de feminicídio no estado.
Onde buscar ajuda
Municípios que possuem Farmácias Amigas das Mulheres na região do Planalto
- Camargo (Vida Farmácias, da Rede Vida)
- Casca (Farmácias Associadas / Vida Farmácias, da Rede Vida)
- David Canabarro (Vida Farmácias, da Rede Vida)
- Marau (Farmácias Associadas / Vida Farmácias, da Rede Vida)
- Passo Fundo (Vida Farmácias, da Rede Vida)
- Vila Maria (Agafarma / Vida Farmácias, da Rede Vida)
Municípios que possuem Farmácias Amigas das Mulheres na região do Alto da Serra do Botucaraí
- Campos Borges (Vida Farmácias, da Rede Vida)
- Ibirapuitã (Vida Farmácias, da Rede Vida)
- Nicolau Vergueiro (Vida Farmácias, da Rede Vida)
- Soledade (Farmácias Associadas / Vida Farmácias, da Rede Vida)