Após quatro semanas de estabilização, o índice de ocupação de leitos voltou a subir nos hospitais de referência no atendimento aos pacientes com suspeita ou confirmação de infecção pelo coronavírus, em Passo Fundo, e atingiu o maior índice desde o início dos efeitos locais da pandemia da Covid-19 há seis meses. Na segunda-feira (24), 112 das 124 (90,3%) camas hospitalares disponíveis no município já estavam ocupadas.
A taxa de lotação na rede privada é a que mais preocupa. Isso porque, segundo mostra o mapa de leitos elaborado pela Secretaria Estadual de Saúde (SES), as internações pagas pelos planos de saúde superaram a capacidade prevista para atendimento. Dos 36 leitos colocados à disposição, 38 estão ocupados obrigando os hospitais a utilizarem dois outros leitos para acomodar os pacientes. O índice de ocupação chegou a 105,6%.
As internações pela rede pública de saúde também apresentaram uma média crescente. Dos 88 leitos do Sistema Único de Saúde (SUS), 74 já estão sendo utilizados, colocando a cidade de Passo Fundo em alerta para os índices de lotação nos cinco hospitais. Em entrevista à Rádio UPF, o médico infectologista do Hospital São Vicente de Paulo (HSVP), Gilberto Barbosa, alertou que a preocupação do corpo médico e de enfermagem está voltada para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI). “De ontem [domingo] para hoje [segunda], dos 53 leitos de UTI, 52 estavam ocupados. Em tese, não temos leitos. Estamos com essa capacidade lotada”, disse.
Esse elevado número de pacientes nas alas equipadas com respiradores artificiais, segundo explicou Barbosa, reflete a dinâmica clínica das pessoas que chegam para atendimento na unidade hospitalar e evoluem para um quadro mais intensivo. Conforme aponta o boletim da Secretaria Municipal de Saúde, os moradores de outras localidades correspondem ao maior número de internações nas UTIs, enquanto os cidadãos passo-fundenses ocupam a maior parte dos leitos clínicos.
Fora da UTI Adulto, 40,6% das camas hospitalares destinadas, exclusivamente, aos pacientes com diagnóstico de coronavírus estão sendo utilizadas. Isso representa 54 dos 113 leitos disponíveis nos centros de saúde locais, segundo projeta a interface do Governo Estadual, que permite acompanhar a evolução na ocupação dos hospitais gaúchos. De acordo com o gráfico da SES, o último pico de ocupações foi em 20 de agosto, quando as unidades hospitalares apresentaram 88% de taxa de ocupação dos leitos.
Prefeitura diz que houve melhora
Em nota, a Prefeitura de Passo Fundo afirmou que, em reunião realizada na segunda-feira (24) com a equipe do Comitê de Operações Emergenciais (COE), foram atualizados os dados de atendimentos e leitos ocupados no município em relação aos casos de covid-19. “Em comparação com a semana passada, verifica-se uma melhora da situação, com menos pessoas internadas em leitos clínicos e menos profissionais afastados nos hospitais”, diz o comunicado. A secretária municipal de Saúde, Carla Crivellaro Gonçalves, observou que a procura na rede segue mais intensa no Cais Petrópolis do que nas outras unidades, principalmente, no início da semana.
Segundo a médica infectologista Cristine Pilati Pileggi Castro, coordenadora médica da Unidade de Terapia Intensiva do Hospital São Vicente de Paulo (HSVP) e professora da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), foi possível notar uma redução na ocupação dos leitos clínicos específicos para covid-19, assim como um controle no uso de respiradores.
O administrador do Hospital de Clínicas de Passo Fundo, Luciney Bohrer, afirmou que a demanda “diminuiu” em relação à semana anterior e manifestou preocupação com o fato de todos os leitos de UTI Covid estarem aguardando a renovação do credenciamento pelo Governo Federal. Segundo aponta os dados da Secretaria Estadual de Saúde, dos 43 leitos de UTI Adulto no HC, 39 já estão ocupados.