Doar sangue: estender o braço, apertar a mão e fazer o bem

Dia Nacional do Doador de Sangue é lembrado neste dia 25 de novembro. Informações corretas ajudam a desmistificar a ação

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Doador não deve ter tido contato com pessoas suspeitas ou confirmadas como portadoras do coronavírus recentemente (Foto: HSVP)Doador não deve ter tido contato com pessoas suspeitas ou confirmadas como portadoras do coronavírus recentemente (Foto: HSVP)
Doador não deve ter tido contato com pessoas suspeitas ou confirmadas como portadoras do coronavírus recentemente (Foto: HSVP)
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“Nada substitui o sangue”! Essa afirmação da professora da Faculdade de Medicina da Universidade de Passo Fundo (UPF), Cristiane da Silva Rodrigues de Araújo, ajuda a comunidade a ter uma pequena noção da importância da doação de sangue. Neste 25 de novembro, quando é lembrado o Dia do Doador de Sangue, a UPF responde algumas dúvidas, pontua algumas informações e destaca o quanto esse gesto pode fazer a diferença na vida de milhares de pessoas todos os dias.

 A docente explica que a doação de sangue é fundamental para manter adequado o estoque de hemocomponentes (produtos gerados em serviços de hemoterapia por meio de técnicas de centrifugação que permitem o fracionamento da bolsa de sangue total em concentrado de hemácias, concentrado de plaquetas, plasma fresco congelado e crioprecipitado) e garantir o tratamento de pacientes que necessitam de transfusão.

 Embora existam muitas pessoas que doam de maneira regular, algumas realidades sempre afetam o estoque. Exemplo disso, é o período desafiador vivido pela pandemia do coronavírus. “Os estoques dos serviços de hemoterapia em todo o país diminuíram, provavelmente pelo medo da população em contrair o vírus, insegurança de poder estar contaminado, entre outras situações de vulnerabilidade, seja social ou financeira”, observa Cristiane.

 Contudo, ela ressalta que o sangue é insubstituível e, neste momento delicado, os serviços dependem da contribuição da sociedade para continuar atendendo os pacientes que necessitam de suporte transfusional.

 

Sem dúvidas, nem rótulos, nem medos

Pensando em ser uma ferramenta para auxiliar as pessoas a compreender a importância do gesto, a professora Cristiane coordenou, juntamente com acadêmicos do curso de Medicina, a elaboração do E-book “Doação de sangue em tempos de Covid-19: Guia para Doação de Sangue Segura e Responsável”. De acordo com ela, o material digital foi elaborado com o intuito de transmitir informações, auxiliar a esclarecer dúvidas e incentivar futuros candidatos a doação de sangue, em especial neste período de reclusão social e quarentena prolongada.

 Segundo a professora, as principais dúvidas referentes a doação de sangue em tempos de Covid-19 são basicamente as mesmas já existentes antes da pandemia, exceto sobre os cuidados direcionados a prevenção da disseminação do coronavírus. Ela explica que é fundamental que o candidato a doação esteja bem de saúde, sem fatores de riscos para doenças transmissíveis pelo sangue, também não deve estar com febre e nem com sintomas gripais.

 Outro cuidado é que o doador não deve ter tido contato com pessoas suspeitas ou confirmadas como portadoras do coronavírus recentemente. “Durante o acolhimento do doador e a coleta de sangue, os profissionais do Serviço de Hemoterapia estão orientados quanto às medidas de higiene com vistas à prevenção da contaminação pela Covid-19, tais como lavagem das mãos e uso de antissépticos, uso de máscara, além do cuidado com a higienização das áreas, instrumentos e superfícies”, pontua, reforçando que, no Serviço de Hemoterapia do Hospital São Vicente de Paulo, existe o gerenciamento do número de candidatos à doação para evitar aglomerações, inclusive com agendamentos prévios.

 Acessado por dezenas de pessoas, o e-book tem se mostrado uma ferramenta importante para esclarecer dúvidas referente à doação de sangue, reforçando que o procedimento é seguro, além de sensibilizar o público em geral para realizar este ato solidário e de cidadania. “Além deste público, o e-book está sendo trabalhado com os acadêmicos de Medicina como material de apoio sobre o tema de Doação de Sangue na disciplina de Hematologia e Hemoterapia da Faculdade de Medicina da UPF, não só como fonte de conteúdo, mas também como inspiração para outros estudantes desenvolverem suas habilidades inovadoras no mundo digital direcionado a correlação da Extensão X Gerontecnologia”, comenta a professora Cristiane, que também agradece a todos que já realizaram a doação.

 

“Doação de sangue ajudou a salvar minha vida”

No dia 16 de setembro de 2020, Talles Marca, de 18 anos, recebeu uma difícil notícia: ele foi diagnosticado com Leucemia promielocítica aguda. Desde então, o morador da cidade de Serafina Corrêa, recebe tratamento quimioterápico no Hospital São Vicente de Paulo (HSVP), com o acompanhamento das médicas Daiane Weber e Cristiane Zanotelli. “Até agora, nas minhas internações, recebi várias bolsas de sangue e plaquetas. Foi muito importante eu receber sangue, me ajudou muito naquele estado crítico que estava. Fico muito feliz de ter recebido sangue, foi fundamental no meu tratamento e minha recuperação, ajudou a salvar minha vida”, destaca.

 Talles relata que quando soube que precisaria de muito sangue, realizou junto com a família e amigos uma campanha para doação. “Fizemos uma campanha de doação e vários amigos, familiares e conhecidos vieram doar sangue, fiquei muito feliz que as pessoas se mobilizaram e tiveram empatia”, conta Talles.

 De acordo com o Ministério da Saúde, em 2019 foram coletadas 3,271 milhões de bolsas de sangue, uma queda de 2,5% ao longo de quatro anos, enquanto foi registrado um aumento no número de transfusões. Mesmo assim, de acordo com o Ministério da Saúde, o Brasil é referência em doação de sangue na América Latina, Caribe, África e Europa.

 Talles destaca a importância da doação de sangue para as pessoas que estão em tratamento de doenças e que passam por cirurgias. “Para as pessoas que doam pode parecer só um pouco de sangue, mas para quem recebe é muito valioso aquela bolsa de sangue. Aproveito para agradecer o carinho e o atendimento de todos médicos e funcionários do Hospital São Vicente de Paulo”, finalizou.

 

Você já doou sangue?

Existem alguns critérios importantes para doação de sangue, confira:

- Estar em boas condições de saúde;

- Apresentar documento oficial de identidade com foto;

- Ter idade entre 16 e 69 anos, sendo que os candidatos a doadores com menos de 18 anos deverão estar acompanhados pelos pais ou por responsável legal;

- Pesar no mínimo 50 Kg com desconto de vestimentas;

- O limite de idade para a primeira doação é de 60 anos;

- Não estar em jejum e evitar alimentação gordurosa;

- Ter dormido pelo menos 6 horas antes da doação;

- Não ter ingerido bebidas alcoólicas nas 12 horas anteriores à doação;

- Não fumar pelo menos duas horas antes da doação.



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