A mudança, recente, nos meios e hábitos de trabalho e educação ao longo deste ano tem aumentado consideravelmente a queixa de fadiga ocular entre os pacientes. A jornada de trabalho remota, com uso mais prolongado de telas, aulas online e grande oferta de “lives” aumentou o tempo de uso da visão de curta distância principalmente em dispositivos eletrônicos. A fadiga ocular pode se manifestar de diversas formas: olhos cansados, marejados, visão embaçada, dor de cabeça, sensação de peso nos olhos, tensão da musculatura facial, ressecamento ocular, coceira, ardência. Tais sintomas podem ser agravados por falta correção de grau ou uso de óculos desatualizados.
Influência ambiental
Além do tempo despendido na frente das telas, a concentração e foco nessas atividades faz com que a frequência das piscadas diminua, exacerbando os sintomas de olho seco e cansaço ocular. Geralmente essas atividades de trabalho ou estudo são realizadas em ambientes internos, muitas vezes com climatização e baixa umidade do ar, o que também favorece o surgimento de sintomas oculares. Os pacientes que têm alguma ametropia (graus de hipermetropia, miopia, astigmatismo) e não utilizam correção adequada, seja em óculos ou lentes de contato, são mais propensos a desenvolver fadiga ocular. Dessa forma, é importante que se verifique com o médico oftalmologista a necessidade de uso de óculos, os quais mesmo em graus baixos podem fazer diferença nos pacientes que usam muito a visão para o trabalho ou estudo.
Como minimizar
Os sintomas de fadiga ocular, embora possam ser bastante incômodos e em alguns casos até incapacitantes, não costumam causar dano permanente à visão. Pequenas mudanças de comportamento e no ambiente podem evitar os sintomas ou ameniza-los significativamente. Dessa forma, é importante fazer pequenas pausas de 20 segundos a cada 20 minutos de trabalho ou estudo, nas quais se tenta focar objetos que estejam a pelo menos seis metros de distância para que a musculatura intraocular responsável pelo foco dos objetos próximos relaxe e descanse. Vale a pena também tentar piscar os olhos de forma ativa para que a lágrima se espalhe pela superfície ocular melhorando a lubrificação.
Atenção profissional
Além disso, é interessante direcionar o fluxo de ar dos climatizadores para longe do rosto e utilizar umidificadores próximos do local de trabalho ou estudo. Em alguns casos é valido que se tenha um frasco de colírio lubrificante ocular (lágrima artificial) para auxiliar na lubrificação dos olhos. Nesses casos, quando as medidas ambientais e comportamentais não surtem o efeito desejado, é importante realizar a consulta com o médico oftalmologista, para que seja esclarecida a causa da fadiga ocular a fim de instituir o tratamento mais adequado. Dessa forma, também é possível fazer uma avaliação geral da saúde ocular prevenindo e tratando outras doenças que possam estar afetando a função visual.
(*) Dra. Gabrielle Senter é médica oftalmologista e atua no Hospital da Visão