Passo Fundo recebe mais uma etapa da pesquisa que avalia a Evolução da Prevalência de Infecção por Covid-19 no Rio Grande do Sul (Epicovid19-RS). Na próxima semana, de 5 a 7 de fevereiro, voluntários estarão percorrendo o município para realização das testagens.
O diferencial dessa etapa em relação às anteriores é a inclusão de um novo teste de anticorpos para a Covid-19, ao lado dos testes rápidos e entrevistas que já fazem parte dos procedimentos de coleta de dados do estudo. A decisão de incluir o método de testagem desenvolvido pela Universidade Federal do Rio de Janeiro baseia-se numa maior precisão do exame para identificar a presença de anticorpos para a Covid-19, especialmente em casos de infecções mais antigas.
Um estudo comparativo realizado pelos pesquisadores da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), o teste batizado de Elisa-UFRJ apresentou alta sensibilidade e estabilidade – em torno de 92% - para detectar anticorpos mesmo após cinco meses da infecção, enquanto os testes rápidos da marca Wondfo, já utilizados nos estudos populacionais, mostraram quedas substanciais de sensibilidade para identificar anticorpos da Covid-19 depois de três a quatro meses da infecção.
De acordo com uma das coordenadoras da pesquisa, a epidemiologista Mariângela Silveira, da Universidade Federal de Pelotas, testes sorológicos, do tipo que detectam a presença de anticorpos no soro sanguíneo, são fundamentais em contextos de surtos de doenças infecciosas, porque permitem que estratégias de enfrentamento a pandemia sejam tomadas com base em evidências.
O financiamento prevê ainda uma décima etapa da pesquisa. “Neste momento, precisamos das melhores evidências para estimar o número de pessoas que já tiveram coronavírus na população gaúcha. Essa informação é fundamental para monitorar o avanço da pandemia no estado e fornecer subsídio para políticas públicas e medidas de isolamento social”, afirma o coordenador geral do Epicovid19, Pedro Hallal.
Funcionamento
Na Capital da Literatura, o professor da Universidade de Passo Fundo (UPF), Dr. Kauê Collares, é um dos responsáveis pelo recrutamento de pesquisadores voluntários para o desenvolvimento do estudo, juntamente com os professores Dra. Shana Ginar da Silva (UFFS) e Dr. Jeovany Martínez Mesa (Imed).
Nessa etapa, o funcionamento da pesquisa segue com entrevistadores coordenados pelo Instituto de Pesquisa e Opinião (IPO) visitando as casas de 4,5 mil famílias em nove cidades gaúchas, para convidar os moradores a realizar os testes e responder a um breve questionário sobre ocorrência de sintomas e acesso a serviços de saúde.
No caso do Elisa-UFRJ, três gotas da amostra sanguínea são depositadas em sequência em uma fita de papel filtro. Após absorção e secagem (aproximadamente 15 minutos), o material é acondicionado em sacos plásticos, vedado e encaminhado para análise pelo Laboratório de Vacinologia do Núcleo de Biotecnologia da UFPel. O tempo previsto para processamento dos resultados é de uma semana.
Estudo
O Epicovid19, único estudo populacional sobre coronavírus no mundo a realizar oito fases de acompanhamentos com a população das mesmas cidades, é coordenado pela Universidade Federal de Pelotas e pelo Governo do Estado do Rio Grande do Sul. O objetivo do estudo é estimar o percentual de gaúchos infectados pela Covid-19; avaliar a velocidade de expansão da infecção; fornecer indicadores precisos para cálculos da letalidade e determinar o percentual de infecções assintomáticas ou subclínicas. O estudo em andamento terá ainda mais uma etapa em abril, em data a ser definida pela coordenação da pesquisa.
A pesquisa conta com financiamento do programa Todos pela Saúde, do Banrisul, do Instituto Serrapilheira, da Unimed Porto Alegre e do Instituto Cultural Floresta. A pesquisa mobiliza ainda uma rede de doze universidades públicas e privadas em todo o estado, dentre elas a UPF.