Para 12 pacientes Covid do Hospital Regional de Santa Maria (HRSM) provenientes de Manaus, a segunda-feira (15/2) foi dia de arrumar as malas e planejar a volta para casa. O voo, que parte do aeroporto da cidade na quarta-feira (17), levará 11 dos 15 pacientes que chegaram ao HRSM na noite de 2 de fevereiro, após uma viagem de quase oito horas a bordo de uma aeronave da Força Aérea Brasileira. Uma paciente recuperada teve alta ainda na segunda-feira (15/2) a pedido do marido, que veio de Manaus para buscá-la. Eles retornam no sábado para Manaus.
Do grupo que retorna junto na quarta-feira, o mais velho é o pastor João de Souza, 58 anos, que acordou animado na segunda para organizar as roupas e ficar pronto para a alta.
“Ganhei até uns perfumes aqui do pessoal da enfermagem. Não tenho palavras para retribuir a forma como fui tratado, uma excelência. Os gaúchos são amáveis, dedicados, carinhosos e hospitaleiros”, afirmou Souza, saudoso da esposa, das brincadeiras de carrinho com o neto de quatro anos e do caldo de peixe tambaqui, que ele mesmo preparará tão logo chegue em casa.
Com o retorno desses 12 pacientes de Manaus, fecha em 33 o número de pacientes do Norte do país acolhidos e tratados no Rio Grande do Sul que já voltaram aos seus Estados de origem. No total, o RS recebeu, entre o final de janeiro e início de fevereiro, 50 pacientes – 18 de Porto Velho (Rondônia) e 32 de Manaus (Amazonas).
“A alta desse grupo é resultado de muito trabalho. Preparamos uma ala de tratamento intensivo exclusiva para atendê-los, mas nunca deixamos de lado os pacientes aqui do Estado, da nossa região e até de fora dela”, explicou o diretor técnico do HRSM, Mery Martins Neto.
O acolhimento aos pacientes do Norte faz parte de um esforço humanitário que envolve Ministério da Saúde (MS), Secretaria da Saúde (SES), prefeituras, hospitais, empresas e voluntários. Desde a primeira quinzena de janeiro, o governador Eduardo Leite se colocou à disposição para receber os pacientes de fora. Porto Velho e Manaus, que enviaram doentes, enfrentam situações de colapso nas redes de saúde públicas.
Acionada pelo MS, a Secretaria da Saúde fez a articulação com prefeituras, hospitais e voluntários para receber e tratar os doentes. A partir da alta do paciente, decidida a partir de critérios médicos no hospital, o Ministério da Saúde contata o Estado de origem para que seja feito o transporte. Alguns retornam em voos comerciais e outros, em aeronaves providenciadas pelo Estado de origem, a exemplo de Rondônia, que já enviou um avião do Corpo de Bombeiros para buscar pacientes recuperados.
“Receber esses pacientes, ajudar quem precisa no momento em que mais se precisa, é um marco histórico para o Hospital Regional de Santa Maria, pois não faz nem um ano que começamos a atender pacientes internados. A direção, a equipe médica, os funcionários e todos os prestadores de serviço estão muito orgulhosos de ter contribuído nesse grande esforço nacional”, disse o diretor executivo do HRSM, Elvis Prestes.
Além dos três pacientes que seguem internados no hospital em Santa Maria, os 14 que ainda não tiveram alta estão sendo tratados em hospitais de Porto Alegre e de Canoas. Dois deles, vindos de Manaus, já têm alta confirmada, mas aguardam a disponibilidade de um avião equipado com UTI para levá-los de volta. Eles irão precisar do suporte porque, apesar de já terem alta hospitalar, ainda não têm a alta clínica, ou seja, seguem o tratamento em casa. Como há risco de intercorrência respiratória por conta da pressurização durante o voo, há necessidade de uma aeronave equipada com UTI para o transporte.