Há um ano, o mundo enfrenta diariamente a pandemia do novo coronavírus, doença ainda pouco conhecida em muitos aspectos, causada pelo vírus SARS-Cov-2. Em busca de novas descobertas, soluções e medicamentos para além de uma vacina eficaz e segura, outras pesquisas caminham atrás de alternativas que possam impedir a infecção e modular a resposta imune. Neste contexto, a vitamina D com seu papel imunomodulador que vem sendo investigado e utilizado no tratamento de infecções respiratórias bem antes da atual pandemia, tem protagonizado estudos que apontam seus benefícios na prevenção e na evolução da Covid-19. É o que mostram publicações recentes de meta-análises, que buscam entender a relação entre os baixos níveis de vitamina D no sangue e as infecções pelo SARS-Cov-2. Segundo revisão sistemática que analisou dez artigos sobre a temática, com a participação de 361.934 pessoas, a deficiência ou insuficiência do micronutriente está diretamente associada a um risco 43% maior de Covid-19, considerando que a maioria dos estudos indica que pacientes positivados para o vírus possuíam deficiência de vitamina D.
Pró-hormônio
Outra meta-análise publicada no Dove Medical Press analisou meticulosamente nove artigos sobre prognósticos de Covid-19 e sua associação com a vitamina D. Sete deles mostraram que a infecção pelo novo coronavírus, a gravidade da doença e as taxas de mortalidade pelo mesmo motivo tinham, sim, relação com os níveis do pró-hormônio no sangue. 77,8% dos artigos revisados mostraram que baixos níveis de vitamina D estavam relacionado à infecção, prognóstico e mortalidade de Covid-19. Segundo o médico ginecologista, ex-secretário de saúde Campinas-SP e consultor de saúde Odair Albano, "a vitamina D age na imunidade natural inata, diretamente na ativação das células de defesa (linfócitos T e B, monócitos e macrófagos), e no aumento da expressão da catelicidina e defensina, substâncias que reduzem a taxa de replicação viral. Já na imunidade adaptativa, o micronutriente modula a resposta imune pela redução das citocinas pró-inflamatórias e aumento das anti-inflamatórias, o que auxilia num melhor prognóstico da doença”.
Efeitos da suplementação
Isso fica claro na meta-análise de Leila Nikniaz, que teve como objetivo avaliar os efeitos da suplementação de vitamina D nos resultados clínicos e na taxa de mortalidade de pacientes com Covid-19 em estudos da França, Índia e Espanha. Foram quatro estudos, com 259 pessoas ao total, sendo 139 deles do grupo de suplementação. Em três desses estudos, o nível de sobrevida e mortalidade dos pacientes foram avaliados, apontando significante baixa mortalidade entre os grupos tomando vitamina D (10.56%), quando comparado aos grupos de controle (23.88%). Dois dos estudos ainda analisaram os desfechos clínicos com base na pontuação da "Ordinal Scale for Clinical Improvement" para Covid-19, da Organização Mundial da Saúde (OMS). Além disso, um estudo mostrou taxa de admissão na UTI foi de 50% no grupo controle e 2% no grupo com suplementação de vitamina D. "Ao examinarmos os estudos e meta-análises em questão, entendemos que todas as pessoas são propensas à deficiência de vitamina D, o que indica que, mesmo sem comorbidades, corrigir a deficiência pode ser vital para a saúde. Concluímos, então, que a manutenção de níveis adequados de vitamina D pela suplementação reduz o risco de contrair a infecção, melhora a evolução, reduz a internação em UTI e a taxa de mortalidade entre os pacientes com Covid-19, levando a um melhor prognóstico e aumento da sobrevida", conclui Dr. Albano.