Entre os muitos aspectos, dificuldades e consequências que a Covid-19 trouxe e gera aos pacientes, a distância da família tem sido um dos mais marcantes e difíceis. Quando o paciente precisa de cuidados intensivos, não há visitas e é por telefone que os familiares recebem as informações. Diante deste cenário, a equipe de psicologia do Hospital São Vicente de Paulo (HSVP) de Passo Fundo, buscou uma forma de amenizar essa distância e saudade. Além do natural suporte emocional para o paciente e seus familiares, são realizadas “visitas virtuais” todos os dias, através de vídeo chamadas de celular e no caso dos familiares de pacientes que se encontram sedados, é disponibilizado o envio de mensagens de áudio, também através do celular.
Somando-se a esse trabalho, o HSVP passou a contar com a participação do Projeto Conectando Vidas do Hospital Sírio Libanês, através do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (Proadi-SUS), que igualmente visa contribuir com a melhoria da comunicação entre pacientes internados com Covid-19 e seus familiares, além do boletim médico virtual. “A pandemia tem trazido novos desafios para área da saúde, e na psicologia não é diferente. O adoecimento e a necessidade de hospitalização, por si só, são geradores de importante fragilidade e sofrimento emocional, no entanto a Covid-19 possui a característica de ser uma doença que é enfrentada de forma solitária e isolada, principalmente nas Unidades de Terapia Intensiva. Diante desse cenário, estamos realizando este trabalho, com o propósito de minimizar o sofrimento emocional relacionado a internação, bem como diminuir o isolamento e distanciamento dos pacientes internados por Covid-19 de seus familiares”, relatam as psicólogas Bruna Matias e Luana Lima, que atuam nas Unidades de Terapia Intensiva.
Iracema Pimentel Ferrari, 54 anos, precisou de tratamento na UTI em função da Covid-19. Ela passou 83 dias internada, sendo 79 de UTI e 23 entubada. Hoje, recuperada, relata a importância dos áudios e ligações da família, enquanto passou pelo momento difícil do tratamento. “Essas ligações através de vídeos e áudios da família para o paciente foi um dos fatores que corroborou para que eu tivesse forças para lutar contra a doença e, mesmo no período em coma, a família sempre mandou os áudios para que a psicóloga colocasse para eu ouvir. Tenho vagas lembranças desse momento”, conta Iracema, que após o longo período de internação e recuperação, agora celebra a vitória com a família.