O lote de medicamentos utilizados antes do procedimento de intubação dos pacientes internados nos leitos de terapia intensiva, entregue na noite de sexta-feira (26), deve garantir o estoque por mais dois dias nas alas de UTI Covid do Hospital São Vicente de Paulo (HSVP).
Um dia antes da chegada dos fármacos, o Comitê Especial de Gerenciamento de Crise para Enfrentamento ao Coronavírus do HSVP emitiu uma nota aos órgãos de saúde pública comunicando que não receberia mais doentes na unidade hospitalar até a reposição das ampolas nas prateleiras da farmácia interna. A decisão, segundo o diretor técnico médico do hospital, Adroaldo Baseggio Mallmann, foi tomada para garantir o atendimento aos pacientes já internados no hospital, que é referência estadual em diversas especialidades médicas. “A CTI está lotada. O medicamento está garantido para os pacientes covid, mas estes remédios são os mesmos utilizados em cirurgias. Por isso, as cirurgias eletivas estão suspensas”, explicou Mallmann. De acordo com ele, a administração hospitalar espera receber mais caixas nesta semana e avalia, também, a possibilidade de importação dos sedativos. Questão condicionada, no entanto, ao tempo até a chegada dos produtos e de autorização da Anvisa.
Na segunda-feira (29), o cenário apresentado no último pronunciamento do HSVP, de necessidade de compra, se manteve, de acordo com a assessoria de imprensa da instituição de saúde. Até o final da tarde de ontem, 71 pacientes com coronavírus se encontravam internados em leitos clínicos e de UTI, enquanto nove aguardavam o resultado do teste para confirmar ou descartar a presença do vírus. “Continuamos, segundo critérios técnicos pertinentes, em uso racional dos medicamentos que integram o “kit de intubação””, afirmou o hospital por meio de nota.
Chegada de insumos
A escassez dos fármacos, como lembrou a entidade hospitalar, é uma preocupação nacional uma vez que a indústria farmacêutica nacional é incapaz, neste momento, de produzir os remédios em grande escala, tamanha demanda pelos insumos hospitalares.
Segundo a planilha da Secretaria Estadual de Saúde (SES), foram enviados ao HSVP 2.950 unidades de atracúrio 10mg/ml, responsável pelo bloqueio neuromuscular para facilitar a intubação endotraqueal; 1.620 frascos de midazolam 5mg/ml – 10ml, utilizado na sedação dos pacientes, e 60 ampolas de Midazolam 1mg/ml – 5ml.
Embora a compra seja de responsabilidade de cada administração hospitalar, a pasta de saúde gaúcha destacou que frente à dificuldade de aquisição no país e ao aumento da demanda desde o ano passado, o governo do Estado e o Ministério da Saúde se articularam para comprá-los excepcionalmente e distribuí-los às instituições com estoques críticos e que prestam atendimento pelo Sistema Único de Saúde (SUS). “A SES realiza um levantamento semanal com os hospitais gaúchos do estoque dos 22 medicamentos para a intubação em UTIs”, pontuou o comunicado da secretaria.
Oxigênio
O diretor clínico do HSVP enfatizou, ainda, que a preocupação no ambiente hospitalar está condicionada à disponibilidade de medicação. Isso porque, como ponderou Mallmann, os tanques de oxigênio hospitalar são suficientes para suprir da demanda de consumo dos pacientes.
Em nota enviada ao jornal O Nacional, a empresa White Martins informou que forneceu aos clientes medicinais contratados na rede pública e privada de Passo Fundo 251 mil metros cúbicos de oxigênio líquido nos últimos seis meses, entre os meses de setembro de 2020 e fevereiro de 2021. Na primeira quinzena de março de 2021, a empresa enviou 49 mil metros cúbicos de oxigênio para as instituições de saúde locais. Este incremento, segundo a fornecedora, representa um aumento de 100% em relação aos seis meses anteriores. “Para atender o aumento da demanda de oxigênio em Passo Fundo, a White Martins já realizou uma adequação de estocagem até o momento”, destacou.