O Núcleo de Vigilância Ambiental em Saúde emitiu um alerta, nessa quinta-feira (8), para os casos de dengue no Bairro Lucas Araújo. De acordo com a chefe do núcleo, Ivânia Silvestrin, apenas entre os dias 19 de março e 8 de abril, foram registrados quatro casos autóctones da doença e outros seis seguem sob análise. “Provavelmente, esses casos aguardando resultado também testarão positivo, e 95% das notificações que recebemos de casos suspeitos são de moradores do bairro Lucas Araújo. É um surto de dengue que estamos tendo no local”, alerta.
O número chama a atenção especialmente pela velocidade de propagação, que ocorreu em um período de aproximadamente 20 dias. A primeira confirmação de caso de dengue no município, neste ano, foi emitida pelo Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen) no dia 1º deste mês. O resultado se referia a um caso que havia sido notificado como suspeito no bairro Lucas Araújo no dia 19 de março. “Quando foi notificado esse primeiro caso, nós fizemos todo o bloqueio vetorial no bairro, visitamos a casa do suspeito e todas as residências em um raio de 150m² no entorno dessa casa, procurando por larvas e pelo mosquito [Aedes aegypti]. Mas de lá para cá, começamos a receber várias notificações de unidades de saúde e hospitais sobre pacientes com sintomas compatíveis com a dengue, até chegarmos nessas confirmações”, resgata Ivânia.
Se os seis casos ainda em análise testarem positivo para dengue e se somarem aos quatro já confirmados em 2021, em menos de quatro meses, Passo Fundo ultrapassará o total de casos registrados em todo o ano de 2020. Conforme a Secretaria Municipal de Saúde, no ano passado, oito casos positivos de dengue foram confirmados em Passo Fundo, sendo quatro deles autóctones e os outros quatro importados.
Vigilância realiza pulverização nos bairros
A situação caracterizada como um surto de dengue, até então, está restrito ao bairro Lucas Araújo, mas casos suspeitos também já foram notificados nos bairros Annes e Centro. Por esse motivo, nessa quinta-feira, o Governo do Estado determinou que fossem feitas pulverizações em pontos dos bairros mencionados para evitar que a doença se dissemine. “Nós também estamos com equipes de agentes realizando pesquisas vetoriais nesses locais e fazendo um chamamento para que os moradores virem tudo que há de água em suas casas para que a fêmea do mosquito não deposite seus ovos”, relata.
A transmissão da dengue acontece pela picada da fêmea do mosquito Aedes aegypiti e, embora não seja transmissível de pessoa para pessoa, o mosquito pode ingerir o vírus ao picar uma pessoa infectada e transmiti-lo a outras pessoas que forem picadas pelo mesmo inseto. Por isso, a Vigilância teme que pessoas que vivem ou frequentam os arredores onde há o surto, possam estar levando o vírus para outros bairros de Passo Fundo.
“É uma surpresa para nós porque foi tudo em menos de um mês”
De acordo com último Levantamento Rápido de Índice de Infestação pelo Aedes Aegypti (LIRAa), no mês de fevereiro, Passo Fundo registrava um índice de infestação do mosquito de 2,3%. Isto significa que, a cada 100 casas visitadas pelos agentes de combate às endemias e pelos agentes comunitários de saúde, 2,3 tinham a presença do mosquito transmissor da dengue, febre chikungunya e zika vírus, indicando risco médio para epidemia das doenças. À época, o bairro com maior número de amostras e resultados positivos era o Petrópolis, onde 13 das 21 amostras coletadas continham o mosquito. O ranking era seguido pelos bairros Boqueirão, Vera Cruz, Vila Luíza e Centro. O bairro Lucas Araújo, atual foco de infestação do mosquito, aparecia em sexto lugar.
Para a chefe do Núcleo de Vigilância Ambiental em Saúde, Ivânia Silvestrin, o fato de o surto ter se dado em um bairro que, há cerca de dois meses, não estava entre os cinco mais afetados, causa surpresa. “Já havia a presença do mosquito lá, mas não era tão expressivo. É uma surpresa para nós porque foi tudo em menos de um mês”, observa. A preocupação é agravada, ainda, por serem casos autóctones, ou seja, contraídos no próprio município. “Não sabemos se o vírus veio importado ou foi desenvolvido aqui, mas os casos são todos contraídos dentro da cidade. É um alerta de que o vírus está circulante”.
A chefe do núcleo relembra, também, que a dengue é uma doença que em casos mais graves demanda internação hospitalar e pode levar à morte. Os sintomas iniciais são semelhantes aos da Covid-19, como febre, dores de cabeça e no corpo e mal estar. Além disso, a doença pode apresentar manifestações como dor no fundo dos olhos e manchas avermelhadas na pele. Em caso de suspeita, a população deve procurar atendimento médico nas Unidades Básicas de Saúde.
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Recomendações
Para evitar a incidência de mosquito, a recomendação é evitar o acúmulo de locais de água parada. É nesses espaços que o inseto deposita seus ovos. “As pessoas precisam ter o hábito de verificar o pátio de suas residências e eliminar a água parada. Piscinas devem receber limpeza regular e adequada e caixas d’água tem de permanecer fechadas. Outra observação são os potes de água para animais espalhados pela cidade. Eles são um problemão para nós, que somos um munícipio infestado pelo Aedes aegypti. Não tem problema ter os potes para os animais, mas a água precisa ser trocada todos os dias”, enfatiza. Em caso de suspeita de local com foco do mosquito, a população pode denunciar à Vigilância Ambiental pelo telefone (54) 3046-0153.