A campanha em alusão ao Dia Mundial da Voz, que ocorre no dia 16 de abril, promovida pela Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia, também chama a atenção para os cuidados da voz em tempos de pandemia de covid-19. A pandemia trouxe novas demandas vocais em razão dos inúmeros compromissos virtuais como aulas, reuniões e palestras. Além disso, outro público muito impactado são as pessoas que foram infectadas pela doença e que tiveram alterações na voz em virtude da covid-19. Muitos pacientes que precisam de intubação ou que apresentam sequelas neurológicas pós-covid necessitam de reabilitação vocal. “Quando o paciente fica muito tempo intubado, o risco de lesões na laringe é alto e pode ocasionar disfonia (alteração ou dificuldade na emissão da voz) e disfagia (dificuldade para engolir)”, enfatiza a fonoaudióloga do Centro de Tratamento do Câncer - CTCAN, Gabriela Mendonça.
Músculos
A covid-19 traz problemas respiratórios e musculares e, por isso, afeta a voz, que depende dos músculos respiratórios, laríngeos e de face para que ocorra uma comunicação eficiente e agradável. “No caso da produção vocal, precisamos de fluxo aéreo e que o pulmão e os sistemas funcionem de forma eficiente para que o ar passe pelas pregas vocais e produza som. Quando temos uma insuficiência deste sistema, não há força para produção deste som e adequada articulação”, explica a fonoaudióloga. A voz pode dar sinais importantes sobre a covid-19. “Alguns pesquisadores já estão trabalhando com a possibilidade de identificar sintomas de covid através da análise da voz e saber se o paciente está apresentando insuficiência respiratória e necessita de mais atenção ou até mesmo internação”.
Pós-covid
Pacientes pós-covid podem apresentar diferentes sintomas na voz, desde cansaço ao falar até rouquidão acentuada. “Pacientes graves, que passaram por intubação orotraqueal por tempo prolongado, podem apresentar rouquidão importante e acentuada. Nesse caso, necessitarão de acompanhamento maior pós-alta hospitalar com otorrinolaringologista e fonoaudiólogo. A fraqueza nestes pacientes pode repercutir em voz rouca e/ou soprosa, além de alterações da capacidade respiratória, fluxo expiratório insuficiente e incoordenação pneumofônica, ou seja, quando há pouco fluxo de ar para vibrar as pregas vocais, o paciente só consegue falar poucas palavras e já tem que respirar novamente”, salienta a fonoaudióloga.
Amenizar sequelas
Para melhorar o fluxo de ar, a resistência vocal e demais sequelas da voz pós-covid como rouquidão, soprosidade e astenia (fraqueza), a fonoaudióloga indica exercícios aplicados por profissionais da área e de forma individualizada. “O tratamento deve ser individualizado. Os exercícios são delimitados para cada caso e para cada nível de alteração. Procure um fonoaudiólogo para avaliar sua alteração e iniciar o melhor tratamento”, afirma Gabriela.
Principais sintomas na voz em pacientes pós-covid
- Pigarro: quando os pacientes apresentam secreção em que a covid atinge mais as vias aéreas superiores
- Rouquidão: em quadros em que o paciente apresenta tosse, irrita as pregas vocais, causando edema (inchaço) e, portanto, alteração da voz
- Voz soprosa: aparece quando há incoordenação entre fala e respiração decorrentes da fraqueza da musculatura vocal e respiratória, muito comum nos quadros de covid;
- Cansaço ao falar: isso ocorre por insuficiência do fluxo aéreo e por comprometimento pulmonar