Em reunião com governadores de Estados nesta sexta-feira (16), a Organização das Nações Unidas (ONU) e a Organização Mundial de Saúde (OMS) anunciaram a antecipação de doses de vacinas contra o coronavírus para o Brasil. Serão 8 milhões de doses do consórcio Covax Facility, das quais 4 milhões serão entregues em abril e as outras 4 milhões, em maio.
Em São Paulo, o governador Eduardo Leite participou da reunião e se manifestou representando os três Estados da região Sul. Ele fez um apelo citando falta de coordenação nacional, o enfrentamento às políticas de distanciamento, a preocupação com a proximidade do inverno e o patamar elevado das hospitalizações por Covid-19.
Os repreentantes da ONU e OMS afirmaram que há um compromisso para que o Brasil receba vacinas antecipadamente e que possa acessar doses extras de países da Europa e da América do Norte. No entanto, eles também reforçaram a importância de medidas de distanciamento social e testagem, consideradas necessárias na resposta ao coronavírus.
“Temos uma demanda e uma preocupação nacional em relação à imunização brasileira. Problemas sanitários, assim como questões ambientais, não respeitam as fronteiras que estabelecemos no papel. E a situação que enfrentamos no Brasil é especialmente dramática em função não só de falta de coordenação nacional, mas também desse enfrentamento às políticas de distanciamento que nos ajudariam a reduzir a incidência do vírus, o que acabou criando essa triste situação de milhares de mortes diárias”, ponderou.
A preocupação com o inverno se deve ao fato de que a queda das temperaturas faz surgir uma série de outras doenças respiratórias. “No Rio Grande do Sul, estamos observando uma redução de casos e de internações, mas ainda num patamar muito elevado de ocupação das nossas UTIs e de leitos clínicos, porém sabemos que a mudança do clima traz novas demandas que farão com que mais pessoas busquem atendimento. Por isso, apelamos à ONU para que colabore no sentido de articular internacionalmente para que o Brasil possa vir a ser priorizado na entrega de vacinas, para que possamos conter o avanço do coronavírus nas diversas regiões do país”, ponderou Leite.
A alta demanda de pacientes com Covid-19, acrescida de um crescimento de procura devido a outras doenças respiratórias, pode acarretar no colapso do sistema hospitalar, de acordo com o governo.
“É muito importante que possamos ouvir vocês sobre assuntos que nos desafiam, como a ampliação da vacinação, quebra de patentes e produção de medicamentos e vacinas. Meu compromisso com vocês é de que a ONU vai redobrar os esforços para auxiliar o Brasil na ampliação da imunização e aquisição de equipamentos e medicamentos. Mas sabemos que isso não é suficiente. A resposta para o coronavírus depende não apenas da vacinação, mas principalmente de cuidados sanitários”, observou a quinta secretária-geral adjunta das Nações Unidas, Amina Mohammed.
O consultor sênior do diretor-geral da OMS, Bruce Alyward, destacou que a organização está ciente da gravidade da situação enfrentada pelo Brasil. “Trabalhamos para, além da antecipação de vacinas, que o Brasil possa acessar doses extras de países da Europa e da América do Norte. Também queremos acelerar a importação dos insumos necessários para a produção de doses. Estamos cientes e fazendo o possível, mas reforçamos a importância de medidas de distanciamento social e testagem. Por maiores que sejam os efeitos econômicos, essas medidas são necessárias”, explicou.
No final de março, o Fórum de Governadores solicitou ao secretário-geral da ONU, António Guterres, uma reunião para discutir a pandemia do coronavírus no Brasil. No documento, assinado pelo governador do Piauí, Wellington Dias, os chefes de Executivo pediram sensibilidade, ajuda humanitária e auxílio na aquisição de vacinas contra a Covid-19.
Com informações da Secom/RS