A primeira filha do casal Maristela Assis e Rafael Nogueira, com quarenta dias de vida, é um exemplo de superação e força para vencer os obstáculos que não podem ser previstos. Maristela também é mãe de outras duas meninas e um menino e neste último Dia das Mães vivenciou este momento com ainda mais intensidade. “Para mim, o significado mais importante da vida de uma mulher é ser mãe, porque você tem o amor maior a partir dos filhos, eu tenho quatro filhos e todos eu amo do mesmo jeito e todos são muito importantes para mim”. A mãe conta que o período de gravidez de Kemilly foi tranquilo, até o momento em que foi surpreendida pela covid-19. Após o primeiro dia de sintomas, ela procurou uma unidade de saúde para avaliação. “Eu já estava com dificuldade na respiração e com a saturação em 32, e então de lá, eles já me colocaram no oxigênio e chamaram uma ambulância para me trazer ao hospital”, conta.
Cirurgia
Encaminhada ao Hospital de Clínicas e devido à gravidade do caso, houve a necessidade de uma cirurgia de emergência, na tentativa de preservar a vida da mãe e da filha. “Eles resolveram fazer uma cesárea de emergência pela gravidade do caso. Eu lembro do início da cesárea, explicaram para a família que o procedimento era complicado e que, assim, as chances de nós duas sobrevivermos era maior. Eu ouvi o choro dela quando nasceu, e depois comecei a passar mal e fui apagando.” Kemilly nasceu com 33 semanas e dois dias e 1,885 Kg. “Eu fui acordar dezenove dias depois na UTI, não tinha noção do tempo que tinha passado. Depois eu soube das dificuldades que superamos. Eu lembrava, quando estava mais lúcida, que precisava me recuperar por causa das crianças. Eu pensava muito nas neles, acho que foi isso que me deu forças, eu pensava na nenê que eu ainda nem tinha conhecido, porque eu não vi a carinha dela quando nasceu. Eu via ela e meus outros filhos por ligação por videochamada”, relembra Maristela.
Por videochamada
A espera se prolongou e, embora a angústia e a preocupação estivessem presentes, em nenhum momento o amor deixou de preencher o espaço que afastava mãe e filha. Para encurtar esta distância, o pai era o elo que transmitia os afagos e o carinho da família, juntamente com o apoio da irmã mais velha. “Vinha ele e a minha filha mais velha. Por mais que eu a visse por videochamada, a vontade de ver pessoalmente era muito grande.” recorda a mãe.
A turbulência deste momento não abalou a constância da presença do pai. “No começo foi muito complicado, eu tinha que me dividir em dois, mas cada dia que passava elas foram melhorando.” conta Rafael Nogueira.
Recuperação
Depois da internação na UTI, ainda houve um tempo de recuperação no quarto, foram mais quatro dias que distanciavam. “No princípio a recuperação foi complicada porque esta doença é muito grave e eu também dependia de outras pessoas.” Aos poucos, a alegria por cada avanço na recuperação foi tomando o espaço da apreensão e dando mais confiança de que o reencontro seria possível. “Não tem explicação a sensação quando eu pude ver ela pessoalmente. Esse Dia das Mães será muito bom, por poder passar com todos, e saber que a Kemilly está bem e que vai logo pra casa, é um momento bem feliz”, descreve Maristela.
Alta
Na UTI Neonatal do Hospital de Clínicas, a pequena Kemilly recebeu toda a atenção e cuidado da equipe, que agora também faz parte de um dos capítulos desta trajetória de vida e superação. “Eu agradeço muito a todos, toda a equipe que me cuidou também sempre com muita atenção. Fui muito bem atendida aqui dentro, eu só tenho que agradecer.” retribui a mãe. Kemilly recebeu alta na terça-feira, após o Dia das Mães, com 2,910 Kg. Após mais de 40 dias de internação, mãe e filha, unidas novamente, prontas para construir juntas os próximos passos desta história.