A Secretaria da Saúde (SES) realizou, nesta quinta-feira (20), uma videoconferência com equipes de imunizações de municípios e regionais com a finalidade de treinar equipes para o uso da vacina da Pfizer contra o coronavírus. Na próxima segunda-feira (24), serão distribuídas 108 mil doses desse fabricante para todas as cidades gaúchas.
O treinamento específico para o imunizante da Pfizer é necessário porque essa marca tem características específicas e diferenciadas de armazenamento, manuseio e aplicação. O número de doses por município está sendo finalizado e será divulgado até segunda (24).
Os imunizantes serão entregues com orientação para utilização de primeira dose para pessoas com deficiência permanente que tenham entre 18 e 59 anos cadastradas no benefício assistencial à pessoa com deficiência (BPC) do governo Federal (estimadas em 42.570 pessoas), pessoas com comorbidades na faixa etária de 38 e 39 anos (58.994 pessoas, sendo que acima dessa idade já tiveram doses disponibilizadas pelo Estado) e gestantes com comorbidades e/ou gestantes sem comorbidades que apresentem indicação médica de avaliação dos riscos e benefícios.
Segundo a chefe da Divisão de Vigilância Epidemiológica, Tani Ranieri, a utilização dessa nova fornecedora na campanha é um desafio. “É um esforço que estamos realizando para colocar a Pfizer em todos municípios, pois trata-se de uma vacina diferenciada pelas questões de temperatura e diluição”, explica. “Por isso, fazemos questão de chamar todos os municípios e regionais para a capacitação e que a informação que passamos para esses gestores chegue às equipes de vacinação”, acrescenta.
Aos municípios, um dos pontos ressaltados na capacitação ministrada por consultores da farmacêutica foram os prazos de armazenamento e utilização. Os frascos serão entregues refrigeradas (entre 2°C e 8°C). Nessa temperatura, podem ficar por até cinco dias (120 horas).
Por essa limitação, a orientação do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs) é que os municípios realizem agendamento prévio das pessoas a serem imunizadas. Da mesma forma, não é recomendada a estratégia de vacinação fora de Unidades Básicas de Saúde, como em drive-thru. Na sala da vacina, após o frasco ser tirado do refrigerador e diluído, as doses dever ser aplicadas em até seis horas.
As doses da Pfizer chegam ao Brasil em caixas de transporte específicas, com isolamento térmico e gelo seco que permite a manutenção de temperaturas entre -90°C e -60°C por até 30 dias. Em freezers, com temperatura entre -25°C e -15°C, o armazenamento pode ser por até duas semanas. Em freezers de temperatura ultrabaixa (entre -80ºC e -60°C), podem ficar por até seis meses. Após sair da fábrica, estando nas caixas térmicas ou nos freezers de -25°C a -15°C, o lote pode ser levado de volta a um ultrafreezer, reassumindo a validade original de seis meses. Essas temperaturas mais baixas do que precisam as doses das demais fabricantes são necessárias pois a vacina da Pfizer tem menos conservantes.
Além desse lote com cerca de 108 mil doses, os municípios receberão quantitativo necessário de seringas e diluentes (soro fisiológico). A distribuição desses insumos já começou nesta semana e deve ser concluída junto com o envio das vacinas na segunda-feira (24).
Aumento no prazo de armazenamento
A Pfizer obteve nesta semana aprovação das autoridades de saúde dos Estados Unidos e da Europa para que o imunizante tenha permissão para ser armazenado na temperatura de geladeira, entre 2°C e 8°C, por um período de 30 dias, desde que o frasco não tenha sido aberto ainda. Essa é uma autorização que ainda não é válida para o Brasil. Porém, as consultoras que ministraram a capacitação nesta quinta (20) adiantaram que a empresa deverá entregar nos próximos dias, à Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa), documentação e estudos que apontam a segurança por esse período maior. Tão logo haja uma decisão a respeito, as normas vigentes serão atualizadas pela agência e deverá haver nova instrução do Ministério da Saúde aos Estados e municípios.
Informações sobre as doses da Pfizer:
- Podem vir rotuladas como Pfizer-BioNTech, se produzidas na Bélgica, ou Comirnaty, que é o nome comercial usado na fábrica dos Estados Unidos. A vacina será distribuída no Brasil apenas com embalagem em inglês, mas a empresa dispõe de um site em português com conteúdos voltados para profissionais de saúde (comirnatyeducation.com.br).
- Cada frasco contém seis doses. São 0,45 ml do produto que, para a aplicação, precisa de diluição em 1,8 ml de soro fisiológico.
- É uma vacina do tipo RNA mensageiro (mRNA), ou seja, usa parte de uma sequência do código genético do vírus como se fosse uma “receita” para o organismo produzir anticorpos.
- Estudos clínicos comprovaram taxa de eficácia de 95% após as duas doses.
- No Brasil, a orientação do Ministério da Saúde é de um intervalo de 12 semanas (cerca de três meses) entre a primeira e segunda doses.
- Reações adversas mais comuns incluem dor no local da aplicação, fadiga e dor muscular (raramente chegando a apresentar febre), que costumar aparecer em até 24 horas e apresentar melhora em até 48 horas.