Conforme levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgado em dezembro de 2019, no Brasil, há mais de 6,5 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência visual, deste total, 600 mil pessoas são cegas. O glaucoma é uma das principais causas pela cegueira irreversível no mundo. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), deve atingir mais de 111 milhões de pessoas no mundo até 2040.
O médico oftalmologista do Corpo Clínico do Hospital São Vicente de Paulo (HSVP), de Passo Fundo, Dr. Julio Cesar Somensi de Oliveira, salienta que o glaucoma é uma doença ocular, que se não tratada, leva à perda progressiva da visão. "Existem diversas etiologias desta doença, mas todas têm como característica comum o dano do nervo óptico - órgão responsável por transmitir ao cérebro todas as imagens que vemos. Ou seja, uma enfermidade no nervo óptico poderá fazer com que a visão fique comprometida", pontua.
O profissional relata que o tipo mais comum do glaucoma é o hereditário, que pode afetar pessoas de diversas idades, no entanto, é mais comum em pacientes acima dos 40 anos, afrodescendentes e que tenham tido algum parente que teve no passado, principalmente pais ou tios.
Fatores de risco
O médico ressalta que o principal fator de risco para o desenvolvimento do glaucoma é o aumento da pressão interna dos olhos. "Os olhos produzem um líquido em seu interior chamado humor aquoso. Por isso, ele deve ser constantemente drenado numa determinada proporção para se manter a pressão em níveis adequados. Quando esta drenagem fica prejudicada, ocorre o acúmulo deste líquido no interior dos olhos. Como consequência, ocorre o aumento da pressão intraocular, o que ocasiona gradativo dano ao nervo óptico", explica.
Ainda, Somensi destaca que o glaucoma é uma doença silenciosa por não apresentar sintomas visíveis em seu início, se manifestando em fases mais tardias, com a perda da visão periférica, podendo levar à cegueira, quando acometida a visão central. A pessoa pode só perceber alguma alteração no campo de visão quando esta já está em uma fase avançada.
Conforme o profissional, na consulta oftalmológica, o médico avalia a pressão interna dos olhos e verifica a saúde do nervo óptico. Os exames complementares podem ser funcionais ou estruturais, ou seja, podem quantificar e qualificar a perda de visão assim como demonstrar danos presentes nas estruturas avaliadas. "O exame do campo visual feito via computador mede a quantidade de visão perdida e sua localização exata. Um dos desafios do diagnóstico do glaucoma é o fato da pressão intraocular não ser constante durante todo o dia. Por isso é comum medir a pressão dos olhos em diferentes horas do dia. O diagnóstico ajuda verificar quando ocorrem os picos de pressão e auxiliam o médico na opção da melhor forma de tratar a doença", salienta.
Por ser uma doença crônica não existe cura para o glaucoma, mas pode ser controlada através de recursos médicos específicos. O tratamento pode ser realizado de diversas formas. "Os colírios para o tratamento de glaucoma, que devem ser utilizados diariamente, atuam aumentando o escoamento do humor aquoso ou diminuindo sua produção. Em alguns tipos da doença pode-se utilizar o laser para o controle da pressão intraocular. Quando estas formas de tratamento não são satisfatórias, ainda há a opção de tratamento cirúrgico que tem apresentando resultados muito significativos", destaca o oftalmologista.