Você sabe o que são doenças reumáticas? Também conhecido como “reumatismos”, elas são problemas que atingem a mobilidade do paciente, principalmente ossos, articulações, cartilagens, músculos, tendões e ligamentos. Essas doenças, em geral, provocam muitas dores, algumas vezes prejudicando a vida comum, ocasionando afastamento do trabalho e aposentadoria por invalidez.
De acordo com a professora da Universidade de Passo Fundo (UPF), Dra. Lia Mara Wibelinger, a incidência de doenças reumáticas é cada vez maior na população em geral, trazendo grande preocupação com a qualidade de vida dos pacientes. “A busca por terapias que melhorem os sintomas e diminuam os efeitos dessas patologias são imprescindíveis para melhorar a funcionalidade e a qualidade de vida dos indivíduos com doenças reumáticas”, explicou.
Conforme Lia, a pesquisa desenvolvida pela UPF faz parte de um projeto guarda-chuva chamado “Efeitos do tratamento fisioterapêutico em pacientes com doenças reumáticas”, desenvolvido pelo grupo de pesquisa em Reumatologia e Envelhecimento Humano. O grupo é coordenado pela professora, que atua também como docente do curso de Fisioterapia e do Programa de Pós-Graduação em Envelhecimento Humano (PPGEH/UPF).
Pesquisa
O grupo de pesquisa envolve estudantes de doutorado e mestrado do PPGEH, e conta com a participação de acadêmicos de graduação do curso de Fisioterapia. A pesquisa envolveu 25 pacientes com osteoartrite que foram submetidos ao programa de intervenção cinesioterapêutica com 12 sessões individuais, duas vezes por semana, com duração de 60 minutos. As pacientes eram mulheres na faixa etária de 60 a 69 anos. “O estudo objetivou verificar os efeitos de um protocolo de intervenção cinesioterapêutico sobre a dor de indivíduos com osteoartrite. Essa é uma das doenças crônicas osteoarticulares mais frequentes, sendo que sua prevalência aumenta substancialmente com o aumento da idade”, comenta a professora.
Em geral, observam-se sinais inflamatórios, que podem ou não estar exacerbados, rigidez matinal e agravada pelo repouso, perda da mobilidade, edema (em períodos de exacerbação), atrofia e fraqueza dos músculos das articulações envolvidas, deformidades e instabilidades articulares. “A dor experimentada por estes indivíduos é um dos sintomas mais importantes que tende a se agravar com a evolução da doença, sendo que este foi um trabalho de conclusão de curso orientado por mim no curso de Fisioterapia da UPF. O desenvolvimento da pesquisa faz parte da nossa realidade enquanto docente da graduação e pós-graduação, pois nossas atividades profissionais são pautadas no tratamento fisioterapêutico de doenças crônicas osteoarticulares”, explicou a professora Lia.
Resultados
O programa de exercícios cinesioterapêuticos realizados no estudo demonstrou ser eficaz na diminuição da dor em indivíduos com osteoartrite. Adicionalmente, este estudo apresenta resultados referentes à dor entre indivíduos não idosos versus indivíduos idosos e entre homens versus mulheres com osteoartrite. “Os resultados fortaleceram o nosso objetivo de proporcionar por meio da nossa profissão a melhora da qualidade de vida e da capacidade funcional dos indivíduos que convivem com uma doença osteoarticular crônica, progressiva e degenerativa, pois concluiu que o programa de intervenção cinesioterapêutico proposto teve efeito significativo na diminuição da dor destes indivíduos. O programa de exercícios cinesioterapêuticos realizados neste estudo demonstrou ser eficaz na diminuição da dor em indivíduos com osteoartrite”, finalizou a professora.
Osteoartrite
Osteoartrite é uma das doenças mais frequentes na população, representando cerca de 30 a 40% das consultas em ambulatórios de Reumatologia. Segundo a Sociedade Brasileira de Reumatologia, a importância da doença pode ser demonstrada por meio dos dados da previdência social no Brasil, uma vez que ela é responsável por 7,5% de todos os afastamentos do trabalho; a segunda doença entre as que justificam o auxílio-inicial, com 7,5% do total; a segunda também em relação ao auxílio-doença (em prorrogação) com 10,5%; e a quarta a determinar aposentadoria (6,2%).
A doença aumenta com o passar dos anos, sendo pouco comum antes dos 40 e mais frequente após os 60. Aos 75 anos, 85% das pessoas têm evidência radiológica ou clínica da doença, mas somente 30 a 50% dos indivíduos com alterações observadas nas radiografias queixam-se de dor crônica.
Cinesioterapia
A cinesioterapia é composta por exercícios terapêuticos que ajudam em reabilitações, otimizando o estado de saúde e prevenindo alterações motoras.