O número de casos confirmados de dengue segue em alta em Passo Fundo. Apenas neste ano, 56 pessoas já testaram positivo para a doença. Destes, cerca de 20 casos foram confirmados em menos de um mês. De acordo com a chefe do Núcleo de Vigilância Ambiental em Saúde, Ivânia Silvestrin, embora o município seja considerado infestado pelo mosquito Aedes aegypti — transmissor da dengue — desde 2013, essa é a primeira vez que Passo Fundo registra números tão expressivos.
O indicativo mais preocupante sobre a situação local é a suspeita de uma morte em decorrência da doença. De acordo com Ivânia, o caso ainda está sendo investigado. “Era uma moradora com várias comorbidades. Após o óbito, foi coletado um exame para dengue, por causa do quadro clínico da paciente que indicava suspeita, e o resultado deu positivo. Nós ainda estamos aguardando a confirmação do Estado para saber se a causa principal foi a dengue ou não, mas há sim um possível óbito de dengue no município. Muitas pessoas pensam que a dengue não mata, mas ela mata. É uma doença muito grave, principalmente para quem tem comorbidades”, alerta.
Conforme levantamento realizado pelo Núcleo de Vigilância Ambiental em Saúde, dos 56 casos confirmados, apenas três foram importados de outros municípios. Isto significa que mais de 50 pessoas foram contaminadas dentro de Passo Fundo, ressoando um alerta para o fato de que o vírus está circulando entre a população local. A maior parte dos casos autóctones são de moradores do bairro Lucas Araújo, onde o município chegou a declarar a existência de um surto de dengue durante o mês de abril, mas há registros também nos bairros São José, Centro, Planaltina, Vila Luiza e Vila Annes. “O surto está controlado no Lucas Araújo, mas ainda pedimos para que a população cuide muito. Todos os casos confirmados no último mês, ainda foram nesse bairro”, destaca a coordenadora.
O número é especialmente alto se comparado com o ano passado: enquanto, neste ano, já são 56 casos em menos de seis meses, em 2020, foram registrados apenas oito casos ao longo de 12 meses. Embora não seja possível cravar o motivo para um crescimento tão expressivo, Ivânia acredita que uma parcela do problema está na falta de cuidados por parte da população. “Ainda falta conscientização das pessoas de que temos o vetor da dengue no município e de que é preciso a colaboração de todos para evitar sua proliferação”.
Levantamento aponta risco médio para epidemia
Apesar da alta no número de casos, o último Levantamento Rápido de Índice de Infestação pelo Aedes Aegypti (LIRAa) realizado no município, entre os dias 24 e 28 de maio, apontou um índice de 1,9% de infestação do mosquito na cidade — ou seja, a cada 100 casas visitadas pelos agentes de saúde, quase duas têm a presença do mosquito. O resultado representa risco médio para a epidemia de dengue e demais doenças transmitidas pelo Aedes aegypti, no entanto, não é motivo para baixar a guarda no combate ao inseto. “O nosso índice realizado em fevereiro deu 2,3%, o que também indicava risco médio e, mesmo assim, tivemos vários casos em um único bairro. Esse número não descarta a necessidade de mantermos os cuidados”.
Para tentar controlar a situação, que já é a mais grave da história do município quando o assunto é a dengue, as equipes de endemia da Vigilância Ambiental têm feito constantes ciclos de visitas nos bairros, pesquisas vetoriais nos arredores de residências onde há casos com confirmação ou suspeita da doença, a eliminação de todos os criadouros do mosquito e a pulverização dos locais com casos positivos. Para denunciar espaços suspeitos de foco de Aedes aegypti, a população pode contatar a Vigilância Ambiental pelo telefone (54) 3046-0153 ou no WhatsApp (54) 9 9654-1444.
Casos mais graves podem demandar internação hospitalar
A necessidade de redobrar os cuidados e eliminar locais com água parada, onde o mosquito costuma depositar seus ovos, é ainda mais importante neste momento de pandemia, uma vez que em casos mais graves a dengue demanda internação hospitalar e pode levar à morte. Também é preciso ficar atento aos sintomas iniciais, que são semelhantes aos da Covid-19, como febre, dores de cabeça e no corpo e mal estar. A doença pode apresentar ainda manifestações como dor no fundo dos olhos e manchas avermelhadas na pele. Em caso de suspeita, a população deve procurar atendimento médico nas Unidades Básicas de Saúde.