A Associação dos Municípios do Planalto Médio (AMPLA) encaminhou ao Governo do Estado, nessa quarta-feira (9), um plano de ação para contenção do avanço dos indicadores da pandemia de Covid-19. O plano de ação é uma etapa exigida a regiões classificadas em nível de Alerta no Sistema 3As de monitoramento da pandemia. O documento também foi enviado aos gestores municipais, a título de orientação, seguindo uma solicitação do Comitê Técnico Regional da Região Covid Passo Fundo. Na nota, a associação pede que, até o dia 14 de junho, todos os 62 municípios que compõem a região adotem medidas como a restrição no horário de funcionamento das atividades econômicas não essenciais, entre o horário das 21h às 6h. Essa medida já está vigente em Passo Fundo desde o fim de maio.
As orientações elaboradas pela associação também incluem uma mobilização regional, junto ao Comando da Brigada Militar, objetivando a possibilidade de concessão de horas extras ao seu efetivo, especificamente a partir das sextas-feiras até o domingo, visando ampliar a fiscalização, coibindo aglomerações e eventos clandestinos; o exercício de frentes de conscientização no município, por meio das mídias sociais, oportunizando depoimentos de profissionais que estão na linha de frente, além da resiliência enfrentada por familiares ou pacientes; e o reforço na fiscalização aos tetos de ocupação dos estabelecimentos, coibindo excessos que geram aglomerações.
O presidente da AMPLA e prefeito de Marau, Iura Kurtz, afirmou na tarde de quinta-feira (10) que a região ainda estava aguardando uma reunião com o governador Eduardo Leite, quando o plano de ação e a possibilidade de adoção de outras medidas serão avaliados. Ele garantiu, no entanto, que a maioria dos municípios já começou a adotar as regras sugeridas. “É difícil ter a concordância de 62 municípios, mas a maioria está adotando. O que temos cobrado de forma mais contundente do Estado, por outro lado, é o reforço na segurança para que os municípios possam fiscalizar o cumprimento dos protocolos, dos horários e, de forma muito especial, os eventos clandestinos”, adiantou.
Passo Fundo segue em Alerta
O plano de ação é uma resposta à manutenção do Alerta para a Região de Passo Fundo, determinada pelo Gabinete de Crise do Estado e divulgada na última quarta-feira (9). Conforme o Grupo de Trabalho Saúde (GT) Saúde do Comitê de Dados, a decisão é justificada por fatores regionais e macrorregionais, que demonstrariam a necessidade de redobrar a atenção para o quadro da pandemia com possível adoção de medidas para modificação do quadro ora avaliado.
O aumento de 8,5% no número de casos confirmados na região, frente à semana anterior, está entre as justificativas apresentadas no relatório. Segundo o levantamento, nos últimos sete dias, a região de Passo Fundo apresentou incidência de novos casos de 512,6 casos confirmados por 100 mil habitantes, representando a maior incidência entre todas as 21 regiões Covid-19. O índice é também 84,0% superior à média estadual. Quanto ao número de óbitos, o setor técnico identificou uma taxa de mortalidade acumulada em 11,25 óbitos por 100 mil habitantes na última semana, o que representa um aumento de 10,3% frente à semana anterior e é 75,7% superior à média estadual.
A alta acontece ainda nos índices relativos às hospitalizações em leitos clínicos, que aumentaram em 22,5%, entre suspeitos e confirmados, o que representa uma variação de 71 pacientes. Já nos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI), na data de levantamento, a região possuía 96 internados por Covid-19 em UTIs, o equivalente a 10 pacientes a menos que o pico de internados. Apesar da queda, a redução é pouco significativa e a região segue com uma taxa de ocupação superior a 100%, indicando utilização de 5 leitos não regulares para atender à demanda por cuidados intensivos.
Conselho Municipal de Saúde sugere lockdown
Diante do crescimento no número de casos ativos e de óbitos por coronavírus em Passo Fundo, o Conselho Municipal de Saúde decidiu ingressar com um pedido de adoção de lockdown no município por 14 dias. Conforme o conselheiro Neri Gomes, o órgão está preocupado com a falta de medidas de contenção mais incisivas mesmo diante de um pico da pandemia. “A nossa sugestão para o lockdown, elaborada com toda a análise técnica e científica, é de que fechemos todos os estabelecimentos, até mesmo os considerados essenciais, e fique permitido apenas o atendimento por tele-entrega. Também queremos controlar a entrada e saída de veículos no município para evitar que as pessoas se contaminem em outras cidades e tragam para cá”, explica. O documento ainda está sendo finalizado e deve ser enviado ao Ministério Público nesta sexta-feira (11), em caráter de ação civil pública.