As taxas de mortalidade materna e infantil nos municípios abrangidos pela 6º Coordenadoria Regional de Saúde (6ª CRS) diminuíram quase pela metade durante a crise sanitária do coronavírus, segundo indica o boletim epidemiológico da Secretaria Estadual de Saúde (SES) atualizado na sexta-feira (11).
Em 2019, ilustra o gráfico presente no documento, a região de Passo Fundo era a 6ª mais crítica nos índices de mortalidade entre gestantes e puérperas. Ao longo do último ano, contudo, houve uma drástica redução nos óbitos de 49,6 para 24,7. Tal queda fez com que a 6ª CRS seja, agora, a 8º com a menor razão de mortes maternas no Estado. O isolamento social, associado aos cuidados mais intensivos entre as próprias mulheres grávidas, podem ter contribuído para que a região fosse na contramão das médias estaduais. "Elas têm saído menos e ligam quando têm sintomas gripais. Procuramos agendar por horário para não tumultuar”, relatou a enfermeira do Centro de Referência de Saúde da Mulher, Tânia Moterle.
As maiores razões de mortalidade encontram-se nas mulheres com 30 anos ou mais, negras, e com menos de 7 anos de escolaridade, de acordo com as informações cadastradas pelas unidades de saúde no DATASUS. As mortes, em 2020, foram causadas por hemorragias, pré-eclâmpsia, Síndrome Respiratória Aguda Grave não especificada, coronavírus, HIV, doenças do aparelho circulatório e doenças do aparelho respiratório.
No Estado
Na série histórica observada pela SES, de janeiro a abril deste ano, o Rio Grande do Sul registrou 35 óbitos maternos por Covid-19, e durante todo o ano de 2020, foram seis casos. Isso representa um crescimento de 483,3% nas mortes de gestantes gaúchas em razão da pandemia.
Ao considerar apenas o primeiro quadrimestre de 2021, o mesmo sistema registrou um total de 406 internações entre gestantes e puérperas. Foram confirmados 323 casos de Covid-19, contando aqueles que estão em andamento ou encerrados. Entre os casos, há 106 internações em UTI, sendo que 87 foram finalizadas com 54 curados e 33 mortes, somados a dois óbitos sem internação em UTI. “Os dados de 2020 ainda são parciais, pois para finalizar o banco nacional de mortalidade materna é realizada uma investigação minuciosa dos casos, e o processo pode se estender por até um ano e dois meses até a definição do número total de casos”, justificou a Secretaria de Saúde por meio da assessoria.
Mortalidade infantil
Quanto aos óbitos em menores de um ano, o boletim identifica com dados preliminares que a taxa em 2020 atingiu o menor valor da história do Estado, com 8,61 óbitos para cada mil nascidos vivos, superando, portanto, a meta pactuada de 9,75 óbitos/1.000 nascidos vivos para o ano. Isso se refletiu, também, na queda das mortes dos pequenos residentes na regional de saúde com uma média de 8,03 óbitos, que colocou a zona passo-fundenses na 9ª posição entre as demais localidades.
Comparando com os anos de 2019 e 2020, a maioria dessas mortes estão relacionadas às causas perinatais e com predomínio do óbito neonatal precoce de zero a seis dias de vida, detalha a publicação produzida pelo Departamento de Atenção Primária e Políticas de Saúde (DAPPS). “A gente não consegue acompanhar elas lá na ponta, mas durante a pandemia houve uma diminuição dos cadastros no programa ‘Meu bebê, meu tesouro’”, mencionou a enfermeira do Centro de Referência de Saúde da Mulher. Criado em 2013 pela Prefeitura de Passo Fundo, o acompanhamento para gestantes de alto risco busca reduzir a mortalidade infantil no município.
Em 2019, último ano de referência apresentado pela SES, 99 óbitos fetais e infantis foram atestados na região do Planalto.