Em meio à pandemia do novo coronavírus, a maior preocupação são os cuidados de higiene pessoal, principalmente das mãos. Mas, os cuidados com a higiene bucal também devem ser redobrados, afinal, uma das portas principais de entrada do vírus é a boca, além de dentes, gengivas, periodonto, língua. Em um artigo publicado em junho na revista científica Medical Hypotheses, um grupo de pesquisadores defende que a doença periodontal, um estado de inflamação da gengiva, que inclui a gengivite e sangramentos na região, deve ser considerada fator de risco para o agravamento da Covid-19. Sabemos que fatores inflamatórios e comorbidades, como diabetes e obesidade, indicam um maior risco de complicações nos infectados pelo Sars-CoV-2. Assim, os cientistas afirmaram que a condição da doença periodontal nos pacientes pode indicar quem tem chances de piora no quadro clínico.
Mínima intervenção
De acordo com a periodontista Dra. Victória Alberton, as pessoas estão vivendo mais e consequentemente os dentes também. Por isso, preservar os dentes e mantê-los saudáveis faz parte da filosofia de tratamento da odontologia de mínima intervenção. O cuidado redobrado da higiene bucal, com consultas periódicas de controle para full mouth desinfection – desinfecção total da boca, além do uso de fio dental e escovação correta, são ainda mais importantes durante a pandemia. “A doença periodontal é uma comorbidade que está associada a diversas enfermidades e processos inflamatórios do nosso corpo, como doença coronariana, doença renal, distúrbios pulmonares e esclerose. Controlar essa condição é imprescindível para evitar maiores complicações no caso de uma infecção”.
Estresse causado pela pandemia pode trazer problemas para a mandíbula
Segundo a Organização Mundial da Saúde, o bruxismo atinge 30% da população mundial e pode ser definido como uma atividade parafuncional que inclui o apertamento ou ranger dos dentes. Essa condição pode acometer pessoas de todas as idades trazendo diversas consequências negativas para os pacientes, o aumento do índice de apartamento ou bruxismo pode ser percebido durante a pandemia e foi motivo de alerta para diversos profissionais. Em um longo prazo, este comportamento pode desgastar a estrutura dos dentes comprometendo a função mastigatória, estética e qualidade de vida. Por ser um hábito involuntário, pode ocorrer durante o dia ou a noite. Deve-se ficar atento aos sinais: dores de cabeça frequentes, dores nos músculos faciais ou cervicais e nos maxilares, cansaço, desconforto durante a mastigação e ainda estalidos na articulação ou zumbidos no ouvido são possíveis sinais de que o apertamento ou o ranger dos dentes estão presentes na sua rotina. No entanto, o bruxismo não é uma doença, é um comportamento, e por não ser uma doença, não há cura. As causas mais comuns não são odontológicas. Ansiedade, stress, transtornos do sono e tensão tem uma relação direta tanto com o bruxismo como com a sua qualidade de vida. Existem alguns tratamentos disponíveis que ajudam bastante quem passa por esse problema. A melhor forma de iniciar qualquer tipo de tratamento é, em primeiro lugar, identificar as causas - e somente um profissional qualificado é capaz de fazê-lo.
Atenção ao envelhecimento precoce dos dentes
Devemos ficar atentos, pois com o passar da idade cronológica, os dentes apresentam sinais de envelhecimento e mudanças, principalmente na forma e na cor. A mudança na cor é um reflexo direto do envelhecimento dental, pois o esmalte diminui a sua espessura transparecendo a dentina, que possui por sua natureza - uma cor mais amarelada. Alterações na forma incluem aquelas produzidas ou associadas a desgastes, oclusão e hábitos parafuncionais. A perda da estrutura dental pode ser resultante dos processos de biocorrosão (erosão causada pelo ambiente bucal ácido), atrição e abrasão (força excessiva na escovação associada a escovas duras e cremes dentais abrasivos) causando diversos problemas. As alterações não se restringem aos dentes, mas afetam a oclusão e causam distúrbios faciais evidentes.
Diagnosticar e tratar
A dentista Dra. Simone Alberton reitera a importância da consulta com um especialista para diagnosticar e tratar esta condição tão importante na qualidade de vida. "Dentes sem cúspides, com ilhas de dentina aparentes são alguns dos sinais do desgaste que acaba por se refletir na perda de suporte labial, além de rugas no canto da boca e aumento do sulco nasogeniano pela diminuição do terço inferior da face. Tudo isso corrobora para um aspecto de envelhecimento facial que acontece devido à perda de dimensão da face e colapso dos tecidos. Por isso, consultas de prevenção e revisão com seu dentista podem ajudar a acompanhar e diagnosticar se você possui este problema e a melhor forma de intervir".
Desgaste funcional
Fisiologicamente, os dentes e ossos sofrem desgastes devido à atividade funcional de rotina. Esse processo pode ser acelerado pela perda patológica de estrutura dentária causada por atrição, abrasão ou erosão, e isto vem se tornando motivo de grande preocupação, especialmente quando o grau de perda ou destruição é excessivo e acaba causando problemas funcionais e estéticos. Sabe-se que a dimensão vertical de oclusão é determinante para o estabelecimento do equilíbrio oclusal e facial. Alguns pesquisadores relatam até mesmo melhora cognitiva e de audição quando este aspecto é devolvido.
Dimensão vertical
De fato, se a dimensão vertical de oclusão não for restabelecida corretamente, permanecendo o aumento ou a diminuição desta, poderá haver a produção de danos graves nos dentes, músculos, articulação têmporo-mandibular, sistema auditivo, na deglutição e fonação, e até mesmo na postura do paciente, podendo afetar seu equilíbrio e qualidade de vida. Diversos métodos para a determinação da dimensão vertical de oclusão estão descritos na literatura. Contudo, deve- se levar em conta a avaliação da perda de suporte posterior, a história de desgaste dentário, a distância inter oclusal e a aparência facial do paciente, fatores estes essenciais para o planejamento a fim de determinar a manutenção, ou restabelecimento da dimensão vertical de oclusão para a otimização do trabalho reabilitador.
Dra. Simone Alberton e Dra. Victória Alberton
Clínica Odontológica Alberton
- A Dra. Simone Alberton é especialista, mestre e doutora em Dentística Restauradora pela USP-SP. Coordenadora da Especialização e atualização em Dentística do CEOM-PF. Autora do Livro: Soul Smile: Restaurações Cerâmicas Adesivas e proprietária da Clínica Odontológica Alberton.
- A Dra. Victória Alberton- Especialista em Dentística e Implantodontia. Mestre em Periodontia pela São Leopoldo Mandic-SP. Professora do curso de Dentística do CEOM. Co-autora do Livro: Soul Smile: Restaurações Cerâmicas Adesivas. Proprietária da Clínica Odontológica Alberton.
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