A vacinação contra a Covid-19 pode causar aumento de linfonodos (gânglios) embaixo do braço, caso conhecido como linfonodopatia axilar após vacinas. Essa alteração pode ocorrer com outras vacinas também, sendo uma reação de defesa normal do corpo. Esse inchaço pode gerar divergências no resultado de mamografias e demais exames de imagens de mama (ultrassonografia e ressonância magnética), podendo ser confundido com câncer de mama. Por esse motivo, a sugestão é aguardar quatro semanas após a vacinação para realizar o exame de rotina. Mas, caso a paciente tenha sintomas de câncer de mama ou já tenha sido diagnosticada, os exames de imagens não devem ser postergados. A linfonodopatia axilar ocorre quando o organismo recebe o antígeno da vacina causando inchaço de gânglios na axila do braço que recebeu o imunizante. “O corpo prepara uma resposta imune e as células (linfócitos) que compõem esse processo estão localizadas nos linfonodos. É exatamente por isso que eles (linfonodos) podem ficar inchados, não ocasionando nenhum mal à saúde, retornando ao tamanho normal dentro de quatro semanas”, explica o oncologista do Centro de Tratamento do Câncer, Alex Seidel. Esse aumento de tamanho dos gânglios pode aparecer nos exames de imagens de mama e causar equívocos de interpretação, já que também poderia ser um sinal de câncer de mama.
Orientação
“Em exames de rotina, comumente feitos pelas mulheres, como a mamografia, é possível que esse aumento dos gânglios apareça na região da axila. Isso pode confundir, por exemplo, com os sintomas de câncer de mama”, observa o oncologista. Uma das sugestões é realizar o exame de rotina antes de fazer a vacina ou aguardar quatro semanas após a vacinação, no caso deste prazo não trazer nenhum prejuízo à mulher. Além disso, ao fazer o exame é importante informar se foi vacinada, quando e em qual lado. Essas orientações são da Sociedade Brasileira de Mastologia, da Comissão Nacional de Mamografia do Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem e da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), que divulgaram uma nota técnica sobre o assunto.
“Não deixem de realizar a mamografia”
As mulheres com câncer de mama diagnosticado ou com sintomas de câncer de mama não devem retardar sua avaliação médica e os exames solicitados por terem sido vacinadas recentemente. Em 2020, entre 30% e 50% das mulheres deixaram de realizar suas mamografias devido à pandemia de Covid-19, o que impactará futuramente na mortalidade pelo câncer de mama. Entre os sintomas de câncer de mama estão nódulos no seio, no pescoço e axilas, saída de líquido anormal pelos mamilos e qualquer outra alteração atípica no peito ou mamilo. “Não deixem de realizar a mamografia. Ela é a melhor forma de descobrir o câncer de mama antes que seja detectável pelo exame clínico. A mamografia continua sendo o principal meio de diagnóstico precoce e deve ser feita anualmente pelas mulheres a partir dos 40 anos de idade”, salienta Seidel.
Vacina é segura e deve ser feita
As entidades também reforçam a importância da vacina no contexto de pandemia e ressaltam que as vacinas contra Covid-19 não causam câncer de mama ou outras doenças na mama. O oncologista do CTCAN frisa que a vacinação contra a covid-19 é a única forma de controle da pandemia. “É de extrema importância e precisa ficar claro que a vacina contra covid-19 é segura e não causa câncer algum”. Pesquisa americana mostrou que a taxa de linfonodos axilares aumentados, relacionados à vacina contra a Covid-19 em mulheres submetidas à mamografia aumentou significativamente. O também oncologista do CTCAN, Alvaro Machado, explica que o estudo aponta que a frequência é maior nos primeiros 10 dias após a vacinação, declinando até quatro semanas, sendo perceptível nos exames de mamografia. Também ressalta que é mais comum aparecer após a segunda dose da vacina. “A recomendação é, se não houver suspeita de câncer de mama e for seguro protelar, fazer o exame quatro semanas após a vacinação. O exame será mais fidedigno”.