Campanha foca em conversa com família para aumentar doação de órgãos

Em 2020, recusa à doação de órgãos por parentes ficou em 37,8%

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Estima-se que, no Brasil, ocorram mais de 9 mil mortes encefálicas que propiciem a doação de órgãos (Foto: Divulgação/Ministério da Saúde)Estima-se que, no Brasil, ocorram mais de 9 mil mortes encefálicas que propiciem a doação de órgãos (Foto: Divulgação/Ministério da Saúde)
Estima-se que, no Brasil, ocorram mais de 9 mil mortes encefálicas que propiciem a doação de órgãos (Foto: Divulgação/Ministério da Saúde)
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O Ministério da Saúde lançou hoje (27), Dia Nacional da Doação de Órgãos, uma nova campanha para incentivar o gesto. Neste ano, as peças publicitárias têm como foco estimular quem deseja doar a conversar com seus familiares.  

Isso porque, pela legislação brasileira, não adianta deixar expresso em documento, ou mesmo registrado em cartório, o desejo de realizar a doação de órgãos, pois a palavra final caberá sempre aos parentes, destacou o ministro da Saúde substituto, Rodrigo Cruz. “É preciso conversar com a família para que esteja ciente da sua vontade e que doe”, enfatizou.

De acordo com dados da pasta, em 2020, o índice de recusa à doação de órgãos pela família ficou em 37,8% dos casos com morte encefálica identificada, que é quando cessa a atividade cerebral do paciente – momento que torna o quadro irreversível, mas que ainda permite a extração de órgãos e tecidos em bom estado.

O índice vem apresentando ligeira redução ano a ano, tendo ficado em 41,3% em 2018 e em 39,4% em 2019. Além da campanha, é necessário aprimorar ainda mais a capacitação dos profissionais de saúde responsáveis por abordar as famílias ainda dentro das unidades hospitalares, destacou a coordenadora do Sistema Nacional de Transplantes, Arlene Badoch.

“Não podemos trabalhar com profissionais que não tenham treinamento. É um serviço muito técnico, que precisa de muita expertise”, ressaltou a coordenadora. “É necessário que façamos um investimento massivo na educação continuada”, reforçou, pedindo o engajamento, nesse aspecto, das secretarias municipais e estaduais de Saúde.

Outro ponto a ser melhor trabalhado, destacou Arlene, é a identificação da morte encefálica. Estima-se que, no Brasil, ocorram mais de 9 mil mortes encefálicas que propiciem a doação de órgãos, mas que passam em branco pelos profissionais de saúde.

Um terceiro ponto destacado pela coordenadora é o trabalho a ser feito na redução das paradas cardiorrespiratórias do paciente durante o processo de doação, o que pode prejudicar a viabilidade dos órgãos. Hoje, o país registra um índice de ocorrências na casa de 14%.

“Nossa ideia é trabalharmos com índice de 5%”, disse Arlene. “Teremos no mínimo 500 doadores a mais, só mudando essa realidade, que depende diretamente das partes intra-hospitalares”, avaliou. 


Dados

O Brasil possui hoje 53.218 pacientes na fila por um transplante de órgãos. A grande maioria (31.125) aguarda para receber um novo rim. Em seguida, vem a fila por um fígado (1.905). No país, estão registradas ainda 365 pessoas à espera de um coração e 259 de pulmão.

O número total engloba 19.115 pessoas que aguardam por um transplante de córnea, embora esta seja considerada um tecido, e não um órgão, e que o procedimento seja, muitas vezes, considerado não eletivo.

Até o momento em 2021, foram realizados 5.626 transplante no país, segundo dados do Sistema Nacional de Transplantes. O número representa uma recuperação em relação aos 3.937 procedimentos realizados no ano passado, quando houve uma queda brusca no número de doadores devido às restrições provocadas pela pandemia de covid-19. Em 2019, foram realizados 7.715 transplantes.

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