O envolvimento mundial com a campanha outubro rosa atingiu proporções nunca vistas em outras iniciativas relacionadas ao tema saúde e prevenção. Os níveis de divulgação vêm repercutindo com resultados positivos que já salvaram a vida de inúmeras mulheres. Temos promissoras mudanças no tratamento nos últimos anos com inclusão de novos bloqueios hormonais, anticorpos e imunoterapia o que mantém nossa esperança de dados ainda mais promissores adiante. O câncer de mama é considerado a neoplasia maligna mais comum diagnosticada nas mulheres. Uma mulher que não tem fatores de risco adicionais para o câncer de mama possui um risco de até 20% de ser diagnosticada com a neoplasia, o que se traduz em que uma em cada sete mulheres pode desenvolver a doença ao longo da vida, principalmente após os 40 anos de idade.
Incidência
A doença tem um pico de incidência que inicia aos 40 anos e se acentua após os 50 anos de idade ou o início da menopausa. O aumento dos diagnósticos ocorridos na geração atual se deve às significativas mudanças em hábitos de vida como o sobrepeso e a obesidade, inatividade física e mudanças no padrão alimentar com aumento na ingestão de gorduras e alimentos processados, além das mudanças reprodutivas com tendência a um menor número de filhos, a primeira gestação na década dos 30 anos, menor tempo de amamentação, início dos ciclos menstruais mais cedo e menopausa mais tardia. As proporções de câncer de mama diagnosticados no Brasil e no mundo continuam aumentando, mas devido às campanhas de prevenção e medidas de rastreio estamos observando uma maior expectativa de cura desses pacientes. Isso se deve ao exame de mamografia que é o exame base e padrão para o câncer de mama e o maior engajamento da população e profissionais nos cuidados de saúde das mulheres.
Mamografia
A recomendação mais seguida pelos profissionais da saúde é indicar o exame de mamografia anual, com início aos 40 anos e até os 75 anos ou mais, individualizando cada paciente, dependendo da idade e da forma da mama de cada mulher, o médico pode precisar de exames adicionais como ultrassonografia e ressonância de mamas. O exame das mamas realizado pelos profissionais de saúde deve acontecer em toda consulta de rotina, seja no mastologista, ginecologista ou clínico geral. O autoexame das mamas possui grande importância e deve ser feito mensalmente, ele ajuda a encontrar os nódulos com muita frequência, afinal ninguém deve se conhecer melhor do que a própria mulher e identificar imediatamente qualquer mudança em seu corpo, pois é de fundamental importância. No último ano pela situação de pandemia que vivemos a estimativa é que mais da metade das pessoas evitou ir ao médico e aos serviços de saúde e não realizou seus exames de rotina, aceitável para aquele momento, mas que deixa uma preocupação em relação aos atrasos de diagnósticos de doenças graves que ainda não se manifestaram e que podem ser curadas.
Saúde da mulher
Nesse ano vamos aproveitar e retornar a nossa rotina, com respeito pelo que vivemos e priorizando ainda mais a nossa saúde e da nossa família nos aproximando dos profissionais de saúde que estão nos esperando de braços abertos. O mês de outubro é dedicado à saúde da mulher, com um foco importante no câncer de mama, no entanto, todas as mulheres devem lembrar-se do exame ginecológico e coleta de preventivo, exames de avaliação do intestino, coleta de exames laboratoriais de glicemia, perfil lipídico, hormonal e vitamínico, vacinas, orientações de aconselhamento pré-concepcional, ou métodos contraceptivos seguros, indicações variáveis conforme cada idade, com a preocupação de olhar e cuidar da saúde da mulher de forma mais ampla. Esse mês de outubro é todo seu, todo rosa, não esqueça: quem se ama se cuida e quem se cuida previne!
Dra. Julia Pastorello é oncologista e coordenadora médica do Centro de Oncologia e Hematologia do Hospital de Clínicas de Passo Fundo