A resposta para essa pergunta é sim, porém devemos entender porque que essa doença tão comum é tão amedrontadora para tantas pessoas, e entender o porque de apesar do peso dessa resposta devemos saber que essa é a causa de cegueira tratável mais comum em todo mundo. Segundo estudos recentes publicados pela revista Lancet, a catarata é responsável por 45% dos 33,6 milhões de casos de perda de visão no mundo todo, com uma prevalência maior em países subdesenvolvidos. Com o aumento da expectativa de vida, podemos também prever um aumento gradativo no número de casos de catarata, uma vez que a principal causa da doença é o próprio envelhecimento. Acima dos 65 anos a prevalência de catarata é de aproximadamente 5 em cada 10 pacientes, saltando para 7 em cada 10 pacientes quando analisamos o grupo acima de 75 anos , segundo dados do Conselho Brasileiro de Oftalmologia.
O que é catarata?
A catarata nada mais é que a opacificação do cristalino, que é uma lente natural que possuímos atrás da íris (a parte colorida do olho), e funciona como a lente de uma máquina fotográfica, sendo responsável pelo foco na formação das imagens que enxergamos. Como o próprio nome diz, o cristalino deve ser totalmente transparente, cristalino como a água. Qualquer opacificação desta estrutura caracteriza a catarata.
É possível evitar a catarata?
Não existe nenhum tratamento capaz de prevenir o surgimento desta doença, até mesmo porque o tipo mais comum é a catarata Senil, e é causada pelo processo natural de envelhecimento e oxidação das estruturas oculares. Sabemos, no entanto, que existem condições que predispõem o surgimento mais precoce de catarata, entre eles, o uso excessivo de corticóides e também o diabetes.
Qual o tratamento ?
A catarata é completamente tratável através de uma cirurgia chamada Facoemulsificação. O procedimento consiste na retirada do cristalino doente e sua substituição por uma nova lente, que ficará permanentemente localizada dentro do olho do paciente, não sendo necessária nenhuma troca durante toda a vida. As lentes intraoculares utilizadas na cirurgia de catarata evoluíram muito nos últimos anos, sendo hoje possível, com as lentes multifocais/trifocais deixar o paciente praticamente livre do uso de óculos, tanto para longe, corrigindo a miopia, astigmatismo e hipermetropia, quanto para perto, pois também corrige a presbiopia (a vista cansada). A cirurgia tem duração aproximada de 15 minutos, feita em bloco cirúrgico específico. A anestesia é realizada com colírios e sedação e o paciente praticamente não sente nenhum desconforto, recebendo alta logo após o procedimento. Com essa técnica o paciente já pode enxergar logo após a cirurgia, pois não é utilizado o tampão no pós-operatório.
Qual o momento que devo operar?
A cirurgia irá ser indicada sempre que estiver afetando a qualidade de vida do paciente. Em alguns casos onde existem outras doenças oculares a indicação de cirurgia pode ser necessária para o tratamento destas outras comorbidades, como no caso de pacientes diabéticos que necessitam de laser para tratamento de retinopatia diabética. Sempre é importa frisar, que na maior parte das vezes quem decide o momento da cirurgia é o próprio paciente que passa a se incomodar com os sintomas de embaçamento visual e baixa de visão.
A catarata pode voltar?
Não. Uma vez feita a cirurgia ela é definitiva. Com essas informações espero ter diminuído o receio de inúmeros pacientes que ainda possuem medo ao ouvir o diagnóstico de catarata. Com acompanhamento regular de seu médico oftalmologista certamente o diagnóstico irá ocorrer e quando necessário a cirurgia de catarata será indicada com segurança e individualizada para cada caso.
(*) Dra. Luciana Reginato é graduada em Medicina pela UFCSPA, com
residência em Oftalmologia pela Santa Casa de Porto Alegre