O mês de dezembro é voltado à conscientização sobre o HIV/Aids. Na rede municipal de saúde, as atividades iniciaram ainda neste mês de novembro com orientações e a realização de testes rápidos para Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs).
Uma das unidades que já promoveram ações é a Estratégia de Saúde da Família (ESF) do Bairro Zachia. De acordo com a enfermeira Fernanda Mathioni, uma parceria com a Universidade de Passo Fundo (UPF) possibilitou o atendimento da comunidade durante a segunda-feira (16). “Acadêmicos fizeram orientações sobre as ISTs e encaminharam os pacientes para os testes rápidos de HIV, sífilis e hepatite B e C. Reforçamos a importância dos cuidados de prevenção, sobretudo, com o uso de preservativos”, salientou.
Com a campanha Dezembro Vermelho, há uma mobilização para que a população faça os testes rápidos. No entanto, esses exames permanecem disponíveis em todas as unidades de saúde e também no Serviço de Atendimento Especializado (SAE), oferecido pela Prefeitura de Passo Fundo.
A orientação para a população geral é que os testes rápidos sejam feitos uma vez ao ano. Contudo, há casos específicos em que o período indicado é menor, conforme explica a enfermeira-coordenadora do SAE, Seila de Abreu. “Todas as pessoas que tiveram relação sexual desprotegida devem fazer a testagem. Além disso, para a população mais vulnerável, que são profissionais do sexo, usuários de drogas, homossexuais, homens que fazem sexo com homens e população trans, a recomendação é a cada seis meses”, indica.
Campanha Dezembro Vermelho
O Dezembro Vermelho propõe a conscientização sobre as Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) com foco no HIV/Aids. O objetivo é chamar a atenção para a prevenção, a assistência e a proteção dos direitos das pessoas infectadas. A campanha foi instituída pela Lei nº 13.504/2017. No município, até dezembro, serão desenvolvidas atividades em consonância com os princípios do Sistema Único de Saúde, que envolverão as unidades e demais serviços de saúde.
HIV: diagnóstico e tratamento
A transmissão do HIV acontece, principalmente, por meio de relações sexuais desprotegidas. Também pode ocorrer pelo compartilhamento de seringas, materiais perfurocortantes contaminados e não esterilizados e pela transmissão vertical durante a gravidez, parto e/ou amamentação, quando não tomadas as devidas medidas de prevenção. Em Passo Fundo, são notificados anualmente cerca de 80 casos de residentes da cidade.
O HIV (Vírus da Imunodeficiência Humana) é o vírus causador da Aids. No entanto, ter o vírus não significa que a pessoa desenvolverá a doença, que ataca células específicas do sistema imunológico (os linfócitos T-CD4+), responsáveis por defender o organismo contra doenças.
Não existe vacina ou cura para infecção pelo HIV, mas há tratamento. Conforme Seila, o acompanhamento é fundamental para garantir a saúde do paciente. “Hoje, com os avanços, podemos dizer que uma pessoa portadora do HIV consegue ter uma vida mais normal possível. Mas, para isso, é necessário adotar hábitos saudáveis e fazer o uso da medicação contínua para que a carga viral fique indetectável e as defesas estejam boas”, explica.
Há confirmação, baseada em evidências científicas, de que o risco de transmissão do HIV a partir de uma pessoa vivendo com HIV/Aids, que esteja em terapia antirretroviral e conseguiu uma carga viral indetectável no sangue por pelo menos 6 meses é negligenciável ou inexistente. Isso significa que uma carga viral indetectável não protege somente a saúde do soropositivo, mas também impede novas infecções.
Prevenção
A utilização de preservativo durante as relações sexuais é o método de prevenção mais prático para se proteger do HIV e de outras ISTs, mas as profilaxias pré e pós exposição ao vírus também estão disponíveis no SUS. São escolhas de prevenção que o profissional de saúde pode recomendar.
A PEP – Profilaxia Pós-Exposição – é o uso de medicamentos antiretrovirais por pessoas que tiveram um possível contato com o vírus HIV, em situações como violência sexual, relação sexual desprotegida, sem o uso de camisinha ou com rompimento da camisinha, e acidente ocupacional com instrumentos perfurocortantes ou em contato direto com material biológico. “A PEP deve ser iniciada logo após a exposição de risco, em até 72 horas, e deve ser tomada por 28 dias. Ela é oferecida no SAE e no Hospital Municipal, que tem atendimento 24 horas”, enfatiza.
Já a PrEP – Profilaxia Pré-Exposição ao HIV – é o uso preventivo de medicamentos antes da exposição ao vírus do HIV, reduzindo a probabilidade da pessoa se infectar com o vírus. A PrEP, deve ser utilizada por quem considera que pode ter alto risco para adquirir o HIV. “A PrEP está disponível somente no SAE. Não é oferecida na rede privada ou pode ser comprada. Podem utilizar os medicamentos as pessoas que fazem parte dos grupos mais vulneráveis, além das pessoas que têm um parceiro com o vírus”, menciona.