No ambiente decorado e colorido, a ludicidade se faz presente para o aconchego dos pequenos pacientes em tratamento no Centro Oncológico Infantojuvenil do Hospital São Vicente de Paulo (HSVP) em Passo Fundo. Junto ao duro diagnóstico de câncer infantil, dado de 80 a 120 novas vezes ao logo do ano, a estrutura hospitalar acolhe até 90 pacientes pediátricos todos os meses no ambulatório.
A demanda represada dos 216 municípios das macrorregiões Norte e Missioneira, que consolidam o município como um dos 6 centros de referência em Oncologia Infantojuvenil no Estado, encaminham a uma ampliação no complexo hospitalar com a abertura de 15 novos leitos no posto de internação. “O tratamento quimioterápico acaba expondo as crianças à diminuição da imunidade. Então, elas precisam ficar internadas em leito de isolamento de contato. Dois quartos dessa unidade terão esse ultraisolamento para que, quando as defesas estiverem baixas, esses pacientes possam ser cuidados de infecções”, explicou o pediatra oncologista e coordenador do centro voltado à especialidade no HSVP, Pablo Santiago.
Além do conforto às crianças e adolescentes durante o procedimento, a expansão habilitará, em um segundo momento, a instalação de uma estrutura para o transplante de medula óssea, mencionou o médico. “Era uma situação quase que desconhecida pelo próprio hospital. Era uma mistura de pacientes adultos com crianças e adolescentes e, na medida em que a gente conseguiu mostrar que o tratamento era diferente, porque são pessoas em construção, convencemos que era necessária uma estrutura exclusiva”, lembrou Santiago sobre a abertura do ambulatório.
Ensino
Durante os meses de tratamento quimioterápico, aludido pelo pediatra oncologista, as roupas hospitalares vestidas pelos pequenos são acompanhadas por cadernos, lápis e a medicação prescrita no deslocamento até a Escola de Vida.
Há cinco anos, o espaço montado no centro infantojuvenil recebe os pacientes para o prosseguimento da aprendizagem escolar. Em parceria com a Prefeitura de Passo Fundo, duas professoras estabelecem um vínculo com a escola de origem do estudante para conhecer as habilidades e competências particulares e, assim, dar continuidade ao ensino às crianças e adolescentes que tiveram de interromper a frequência regular para o tratamento oncológico. “Ele vai fazer uma prova da mesma forma que faria na escola para, quando terminar o tratamento, ele possa seguir com o ano letivo”, mencionou o secretário de Cidadania e Assistência Social de Passo Fundo e diretor do Instituto Pietro, Saul Spinelli.
Captação
A reforma na estrutura hospitalar da Oncopedriatria, citada pelo médico coordenador do centro, será aplicada a uma área de 463,8 m², cuja campanha para financiamento iniciou em outubro de 2020. A meta dos gestores e especialistas do HSVP é captar R$ 1 milhão de reais para viabilizar esse novo espaço de cuidado em parceria com o Instituto do Câncer Infantil. “70% dos casos podem ser curáveis, mas isso depende muito de experiência das equipes. Não adianta criar um centro a cada 5 ou 6 cidades onde a equipe vê 4 a 5 casos por ano. Isso não é suficiente”, observou Santiago ao falar sobre a delimitação dos centros de referência gaúchos.