Hoje (01) é celebrado o Dia Mundial de Combate à Aids, data que busca conscientizar a população acerca da prevenção e tratamento da síndrome da imunodeficiência adquirida. O mês de dezembro também é marcado pela Campanha Nacional de Prevenção ao HIV/Aids e outras Infecções Sexualmente Transmissíveis, batizado de Dezembro Vermelho.
De acordo com dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação, o SINAN de Passo Fundo, em 2020 cerca de 70 casos foram detectados no município, o que se mantém semelhante em 2021. Desde 2015, os casos predominavam entre o sexo masculino, entretanto, nos últimos dois anos, os números cresceram entre as mulheres e diminuíram entre os homens.
Gestantes
A maior preocupação sinalizada por Seila de Abreu, enfermeira-coordenadora do Serviço de Atendimento Especializado (SAE) de Passo Fundo, é a crescente de novos casos de HIV em gestantes, visto que nos últimos cinco anos Passo Fundo não registrou casos de Aids em crianças menores de cinco anos. De acordo com ela, nos últimos dois meses muitas gestantes procuraram as Unidades Básicas de Saúde e o SAE após realizarem o exame de pré-natal e serem diagnosticadas com o HIV. “Em 2021 muitas mulheres descobriram. Isso nos preocupa, porque se as mulheres estão se contaminando e engravidando, existe um risco maior de voltarmos a ter crianças com Aids. Faz mais de cinco anos que não temos crianças com HIV e precisamos manter isso. Não podemos mais aceitar que uma criança desenvolva isso”, alertou ela.
Importância do exame
A enfermeira chama a atenção para a importância da realização do exame pré-natal e, após darem à luz, fazer o teste de HIV e de outras Infecções Sexualmente Transmissíveis. Isso porque existe o risco da transmissão acontecer durante a amamentação. “Os últimos dois casos detectados em crianças foi pelo aleitamento materno. Nos exames de pré-natal as mães não estavam com o vírus e entendemos que se infectaram depois de ganhar o bebê”, destacou Seila, colocando que esse é um alerta para as mulheres que estão amamentando. “Com a detecção precoce dessas doenças há possibilidade de se tratar com mais rapidez e aí não transmitir esse vírus para a criança”, concluiu.
Queda da testagem
Além da Aids, a incidência de casos de sífilis também é alta. Seila ressalta que ao ser diagnosticado com uma infecção, é importante realizar a testagem completa. “Se você teve uma relação, tem risco com a gonorreia, clamídia, HPV, a sífilis e outra gama de infecções”, disse. Além disso, a maioria dessas infecções é silenciosa e não demonstram sintomas, o que as torna mais perigosas ainda.
Em Passo Fundo, com o início da pandemia, foi sinalizada uma queda no número de testagens, o que se normalizou até o final do ano, contabilizando cerca de 500 a 600 testes rápidos de HIV realizados por mês. Entretanto, muitos que realizam a testagem e são diagnosticados com o vírus, abandonam o tratamento. Seila conta que a porcentagem de pessoas que não seguem com o tratamento é preocupante, porque às vezes elas ainda não chegaram a desenvolver a doença e teriam a chance de ter um tratamento precoce, evitando o adoecimento. Quando não voltam, surge também a dificuldade de contabilizar esses casos. “Você que tem o vírus, que sabe que tem, procure o atendimento, é gratuito. Cuide-se, ame-se. Você não precisa deixar o vírus te derrubar”, finalizou a enfermeira.