A Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul (SPRS) recebeu com otimismo o anúncio feito pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) que autorizou de forma emergencial, a vacinação contra a COVID-19 de crianças entre cinco e 11 anos. O imunizante que será utilizado é o do laboratório Pfizer/BioNTech, já usado nesse público em outros países. Serão necessárias duas doses, com intervalo de três semanas entre as aplicações. “Os estudos mostraram que ela é eficaz e segura nesse grupo de crianças. Não há relato de eventos adversos importantes ou significativos. Alguma situação sempre pode acontecer, como uma eventual febre, mal estar, dores no corpo ou leve dor no local da aplicação, mas não foram registrados casos de gravidade. Pela importância da proteção individual e coletiva é, então, recomendada a vacinação", afirmou o membro do comitê de infectologia da Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul, Juarez Cunha.
Formulação Diferente
Um cuidado fundamental é deixar claro para toda a população que a vacina feita para a criança não é a mesma que a feita para o adulto. “A vacina que está disponível no Brasil neste momento para os adultos não é a indicada para crianças. Não é apenas uma questão de dosagem. A formulação é diferente e o intervalo é diferente. Até por conta disso, vem sendo recomendada a aplicação para as crianças em locais distintos. Esta ideia é interessante porque durante todo o tempo que estarão sendo imunizadas as crianças, continuarão sendo vacinados os adultos em diferentes faixas etárias. Então a medida minimiza a chance de erro", complementa Juarez. Além da proteção individual, no caso da vacina da Pfizer, a imunização da criança de 5 a 11 anos vai diminuir a possibilidade de infectar outras pessoas da família independente de estarem imunizadas ou não. Além disso, reduz a chance de infecções em escolas e outros ambientes.
Número significativo de mortes
O médico reforça que além da vacina ser eficaz e segura, há, também, critérios para recomendação e que são observados pelas entidades médicas. O principal é que apesar de saber que a COVID-19 acomete de forma mais grave outras faixas etárias há, no Brasil, mais de 2.500 óbitos de COVID em crianças. Se no conjunto de números globais o número percentualmente aparenta ser baixo, o indicador representa um número significativo de mortes especialmente na comparação com outras doenças. Mesmo com a decisão da Anvisa, a vacinação em crianças não começa de imediato. Isso porque o Brasil não possui ainda essa vacina específica para a faixa etária de cinco a 11 anos. De acordo com a Pfizer, o contrato fechado com o Ministério da Saúde para a compra de mais vacinas em 2022 – 100 milhões de doses, podendo ser ampliado para 150 milhões – já engloba a disponibilização ao governo brasileiro dos imunizantes para crianças. Porém, o laboratório não confirmou ainda um cronograma de entrega.