Após um período de estabilização na curva de contágios e hospitalizações em decorrência da Covid-19 com a ampliação na cobertura vacinal da população, Passo Fundo voltou a registrar aumento nos casos ativos da doença nos últimos 30 dias apresentando um crescimento de 50,6% nos diagnósticos de passo-fundenses infectados pelo coronavírus. No dia 1º de dezembro, mostra o boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria Municipal de Saúde, 75 pessoas estavam em processo de tratamento contra a doença. Esse número, contudo, subiu para 113 no último dia de 2021 e se elevou para 147 na segunda-feira (3), considerado o primeiro dia útil deste novo ano.
Além dos casos ativos, ainda são aguardados os resultados de 348 exames encaminhados para análise laboratorial, conforme mencionou a secretária municipal de Saúde, Cristine Pilati. “Observamos, desde o dia 27 de dezembro, um aumento de consultas no Cais Petrópolis. Ainda não sabemos se é em decorrência da cepa Ômicron, porque não temos confirmação do Estado se ela já circula em Passo Fundo, ou se é pelas aglomerações de final de ano”, considerou.
Na data mencionada por Cristine, o centro de referência em triagem e atendimento de pacientes sintomáticos no município registrou uma média de 138 consultas médicas, que se elevaram para 165 no dia 29 de dezembro. “Temos notado que são casos leves e não sabemos como vai se comportar daqui para frente. Mantemos o Cais Petrópolis e o Cais Boqueirão, caso haja necessidade, mas ainda não precisamos abrir outros postos”, afirmou a secretária de saúde.
Alerta amarelo
Sem registrar mais de 100 infectados ao mesmo tempo desde o dia 18 de novembro, a crise sanitária, que já cobrou a vida de 718 passo-fundenses, também acendeu o alerta amarelo no painel de monitoramento das hospitalizações mantido pela Secretaria Estadual de Saúde (SES). Com 67,6% das camas hospitalares disponibilizadas pelo sistema público de saúde ocupadas, e 80% de ocupação nos leitos privados, 28 pacientes permanecem internados na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) em decorrência da Covid-19 e cinco são mantidos como potenciais contágios, segundo indica o mapa da SES.
Propagação mais rápida
Potencial causa para o aumento nos testes positivos para o coronavírus entre os moradores locais, e referenciada pela secretária municipal de Saúde, a variante Ômicron do SARS-CoV-2 pode já ser o vírus de mais rápida propagação de toda a história, de acordo com o médico infectologista norte-americano, Roby Bhattacharyya, do Hospital Geral de Massachusetts. O pesquisador chegou à conclusão através de um cálculo comparativo entre a Ômicron e o sarampo, um dos vírus mais contagiosos. Em um cenário de ausência de vacinação, um caso de sarampo daria origem a mais 15 casos em apenas 12 dias. Já um caso de Ômicron daria origem a 216 casos no mesmo período, conforme informações da agência Reuters. Em um outro panorama considerado, em que a maioria da população está vacinada ou já teve Covid-19, o especialista estima que um caso de Ômicron dê origem a apenas mais três casos, número semelhante ao do vírus original, sem mutações.
Mesmo que a nova cepa consiga infectar até pessoas já imunizadas, as campanhas de vacinação impedem, na maioria dos casos, a progressão para os quadros agravados, sugere o estudo científico. Por isso, afirma o médico, o menor risco individual é a razão pela qual, neste momento, o número de contágios tenha disparado em alguns países, mas o número de pessoas hospitalizadas se mantém estável.