Passo Fundo confirmou, recentemente, o primeiro caso de H3N2. Visando proteger a população, a Secretaria Estadual da Saúde emitiu um alerta orientando sobre as medidas de prevenção, como uso de máscaras, distanciamento, ventilação e vacinação. Em razão disso, é muito importante estar informado sobre as formas de prevenir o vírus. Confira uma entrevista com o médico infectologista do Hospital São Vicente de Paulo de Passo Fundo, Gilberto Barbosa:
Houve um aumento de casos de pacientes com problemas respiratórios nos últimos dias?
Sim, temos observado um crescimento de casos de síndrome gripal em crianças e pacientes adultos. Sendo que muitos casos são de pacientes com testes negativos para Covid-19, caracterizando a suspeita de gripe como causa destes quadros.
Existe diferença entre os sintomas da Covid-19 e a Gripe H3N2?
O H3N2 é um subtipo da Influenza A, que circula há vários anos em nosso meio. Quando nós tivemos a pandemia de H1N1, que é outro subtipo, também se levantava essa questão, de como diferenciar o H1N1 do H3N2. Quando precisamos confirmar o diagnóstico médico, contamos com testes laboratoriais para diferenciar a infecção pelo Covid-19 do H3N2.
Quando está recomendado o uso do Tamiflu para tratamento da Gripe?
O Tamiflu é recomendado para ser utilizado dentro das primeiras 48 horas de início de sintomas gripais, quando há alta probabilidade do paciente ter uma infecção pelo vírus Influenza, independentemente de ser H1N1 ou H3N2. Essa é a conduta que habitualmente adotamos nos períodos sazonais da gripe, nos meses de inverno.
A vacina que temos hoje protege contra a H3N2?
O que nós sabemos é que esses surtos de H3N2 que têm ocorrido no Brasil, são devidos a uma nova variante, chamada Darwin, que ainda não havia circulado no país. Ela estava ocorrendo nos países do Hemisfério Norte. A vacina para Gripe que temos hoje disponível no Brasil, que é a de 2021, não contém proteção para a Cepa Darwin do H3N2. Ela possui uma proteção para o H1N1, H3N2 (outra variante) e Influenza B, portanto, fornece uma proteção parcial contra a Influenza que está ocorrendo atualmente. O que se sabe é que quando as pessoas são imunizadas de forma repetitiva, anualmente, o organismo mantém um certo grau de imunidade genérica que pode auxiliar nas situações de infecções por variantes diferentes. Então, a vacina utilizada em 2021 fornece uma imunidade parcial.
Possivelmente a partir do mês de fevereiro de 2022 teremos disponível a vacina para o próximo inverno que constará de uma proteção para o vírus H3N2 com a variante Darwin.
Os surtos podem ter relação com a cobertura vacinal da Influenza, que ficou baixa neste ano?
Comparativamente, 2021 teve uma cobertura vacinal mais baixa que em 2020. Possivelmente por conta do Covid-19, as pessoas acabaram se vacinando menos contra a gripe. Ou seja, a nossa proteção vacinal mais baixa certamente contribuiu para a disseminação desse surto. Mas também, nos últimos meses, tivemos um afrouxamento dos cuidados gerais e de distanciamento que são medidas protetivas para essas infecções respiratórias.
O que mais poderíamos fazer para prevenção da gripe?
As outras formas de prevenção da Influenza são exatamente as mesmas utilizadas com relação ao Covid-19: uso de máscara, higienização das mãos, distanciamento e ventilação adequada nos ambientes.
Finalmente, é preciso salientar que devemos manter o calendário vacinal atualizado. Neste momento, principalmente as vacinas da gripe e da Influenza, e reforçar os cuidados gerais de prevenção das infecções respiratórias listados acima.