O governo do Estado voltou a emitir Alerta para a região de Passo Fundo, pela segunda semana consecutiva, através do Sistema 3As de Monitoramento da Pandemia. A decisão, tomada em reunião com Gabinete de Crise na última terça-feira (25), também abarcou todas as demais regiões Covid do Rio Grande do Sul, devido à piora nos indicadores pandêmicos, como o aumento de casos de Covid-19 e a alta nas internações em leitos clínicos e de Unidade de Terapia Intensiva (UTI), em todas as regiões gaúchas.
A equipe técnica do Grupo de Trabalho (GT) Saúde observou que, somente na data da reunião, haviam sido registrados no sistema da Secretaria da Saúde 19 mil novos casos de Covid-19 e 50 óbitos pela doença. Um número tão elevado de óbitos registrado em um mesmo dia não era visto no Rio Grande do Sul desde 17 de novembro. O levantamento apresentado pela equipe do governo estadual também mostra que, desde o início do ano, os números de casos diários no Rio Grande do Sul passaram de cerca de mil para 16 mil.
A taxa de ocupação das UTIs no Estado, por sua vez, estava em 60,9% durante a apuração. Na região de Passo Fundo, chegava a 75%. Além disso, o número de internados em todo o Estado aumentou em 697 somente em uma semana, sendo 575 em leitos clínicos e 122 em UTI. "Estamos em um nível de preocupação alto devido ao aumento de casos e de internações", comentou o governador Eduardo Leite, que liderou a reunião do Gabinete de Crise.
Internações crescem em Passo Fundo
À medida que aumentam os testes positivos de coronavírus em Passo Fundo, hoje com 3,9 mil casos ativos, é possível observar também uma elevação no número de internações em decorrência da doença. Ainda que em patamar significativamente inferior ao da velocidade de contágio do vírus, a elevação nos casos que demandam atendimento hospitalar tem começado a pressionar o sistema de saúde do município, que há meses vinha reduzindo o número de leitos para Covid-19, ao passo que os indicadores da pandemia tinham se tornado mais brandos na região.
Nos dois principais hospitais da cidade, o Hospital São Vicente de Paulo (HSVP) e o Hospital de Clínicas (HC) de Passo Fundo, os quadros graves da doença já ameaçam esgotar a disponibilidade de leitos de UTI. No HSVP, por exemplo, todos os 10 leitos de terapia intensiva destinados a pacientes com coronavírus estavam ocupados até essa quinta-feira. No HC, a ocupação chegava a seis dos 10 leitos em operação. Somadas com as internações registradas ainda no Hospital Prontoclínica, o município acumulava, até o fechamento desta edição, 71 pacientes hospitalizados após terem entrado em contato com o vírus. Destes, 18 estavam em UTI e 53 em leitos clínicos.
Em entrevista ao jornal O Nacional, no início desta semana, a coordenadora da Unidade de Tratamento Intensivo do HSVP, médica Sabrina Frighetto, afirmou que a instituição ainda estudaria a possibilidade de reabrir parte dos leitos de UTI que foram encerrados quando os casos graves reduziram na região, mas adiantou que neste momento o hospital já se encontra lotado por outras patologias. No HC, o coordenador médico das unidades Covid-19, Gustavo Picolotto, descartou temporariamente a possibilidade de abertura de mais leitos de UTI para coronavírus. “Neste momento, não temos ocupação completa dos leitos, então não passa por necessidade de aumento”.
Novos óbitos
A elevação também atinge o indicador de óbitos, que havia estabilizado entre o fim de dezembro e o começo de janeiro. Entre os dias 20 e 27 de dezembro, o município registrou nove mortes de passo-fundenses diagnosticados com Covid-19. As mais recentes aconteceram na última terça-feira (25). As vítimas foram um homem de 90 anos e uma mulher de 59.
Perfil das internações
A coordenadora da UTI do HSVP observa que as internações por coronavírus têm atingido, principalmente, pessoas acima dos 50 anos que possuem comorbidades. Além disso, o hospital estima que de 70% a 80% das hospitalizações sejam de pessoas não vacinadas ou com esquema vacinal incompleto.
Por outro lado, No HC, Picolotto observa um perfil variado, com internações tanto de vacinados quanto de não vacinados. “A maioria com mais de 75 anos e outras doenças associadas. Com a nova variante, eles têm chegado com um padrão tomográfico semelhante ao que era visto antes, mas menos intenso na maior parte dos casos. São sintomas mais gerais, como cansaço, dor no corpo e algum outro sintoma que acaba evoluindo para problemas respiratórios”, descreve.
Ele também ressalta que, além de a variante Ômicron ser menos agressiva, o fator da vacinação tem sido fundamental para reduzir o volume e a gravidade das internações. “Se compararmos com os ativos e internados que tínhamos no ano passado, o que estamos vivendo hoje é muito baixo. Desde que se intensificou a vacinação, melhorou muito”.