Depois de uma nova onda de coronavírus ter feito o número de casos ativos em Passo Fundo ultrapassar a marca de cinco mil no fim de janeiro, nos últimos dias, o município tem vivido um momento de desaceleração na circulação do vírus. Conforme apontam os boletins epidemiológicos da Secretaria Municipal de Saúde, em sete dias, o número de casos ativos de Covid-19 caiu de 4.842 para 4.110. A velocidade de propagação também demonstrou sinais de redução, com 1.987 novos confirmados entre os dias 3 e 9 de fevereiro, contra 3.097 novos testes positivos na semana anterior, de 27 de janeiro a 2 de fevereiro.
Os índices observados em fevereiro, até o momento, parecem apontar para uma tendência de queda na propagação local do coronavírus, de acordo com a secretária municipal de Saúde, Cristine Pilati. No entanto, ela alerta que ainda é cedo para dizer que a nova onda da doença está controlada. “Os números ainda são bastante altos. É precoce afirmar que a onda já passou, porque nós continuamos em um ápice, mesmo que não tão alto quanto nas semanas anteriores. Apesar da redução dos casos ativos, entre as pessoas que estão indo fazer o teste nas nossas unidades de referência, em torno de 50% a 55% recebem resultado positivo”, pondera.
Ainda de acordo com a secretária, o Município pretende aguardar até esta sexta-feira (11) para definir, com base nos números da pandemia, se pretende readaptar alguma das nove unidades de saúde, que hoje operam como referência para casos suspeitos de Covid-19, de volta às suas funções habituais. Conforme levantamento da pasta, as unidades chegaram a realizar uma média diária de 1.100 atendimentos no momento de maior pico do vírus. Hoje, a média de acolhimento nos locais de referência gira em torno de 500 por dia. “A maior parte, cerca de 200, acontece no Cais Boqueirão e Petrópolis. Nas unidades menores, são aproximadamente 60 atendimentos por dia. Inclusive, nosso plano é que o Cais Petrópolis seja o último a retomar seus atendimentos habituais. Até passarmos pela pandemia, ele deve continuar como centro de referência 24 horas”.
“Parece que estamos frente a um platô”
Enquanto os boletins epidemiológicos apontam tendência de redução no número de casos ativos de coronavírus, no âmbito de internações a queda é menos consistente. Utilizando o mesmo período de parâmetro para análise, é possível constatar que em sete dias o total de hospitalizações por Covid-19 caiu de 81 para 74 — até essa quarta-feira (9), o município contabilizava 47 pacientes em leitos clínicos e 27 em leitos de UTI —, no entanto, esse é um índice que tem variado diariamente, tanto de maneira crescente quanto decrescente. A secretária de Saúde ressalta que a curva das internações acontece de maneira diferente do que a de casos ativos, por isso, é normal levar mais tempo para que o indicador de hospitalizações demonstre redução. “Quem interna e tem caso moderado a grave, não fica somente o período recomendado de isolamento para a comunidade em geral. A internação é prolongada, eles costumam ficar na UTI de 14 a 15 dias”.
Em leitos clínicos, por outro lado, dados da Secretaria Estadual de Saúde mostram que o tempo médio de internação no Rio Grande do Sul reduziu em comparação com período similar do ano passado. Enquanto no pico de casos de coronavírus de 2021 os pacientes costumavam permanecer, em média, sete dias em leitos clínicos, neste ano, o tempo médio caiu para quatro. No Hospital de Clínicas de Passo Fundo, por exemplo, o coordenador médico das unidades Covid-19, Gustavo Picolotto, conta que o período médio de hospitalização em enfermaria gira em torno de cinco a seis dias. No ano passado, a média chegava de 10 a 11 dias. “As pessoas estão internando mais cedo, com menos tempo de início de sintomas do que no ano passado e com uma variante menos agressiva, então a alta tende a ser mais precoce”, explica.
A maior preocupação ainda está relacionada aos casos graves, que necessitam de internação em leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI), por uma média de duas semanas. No HC, até a data de fechamento desta edição, sete dos 10 leitos de UTI Covid disponíveis na instituição estavam ocupados. No Hospital São Vicente de Paulo, a ocupação chegava a 19 dos 20 leitos de UTI reservados para pacientes com a doença. Destes, segundo a coordenadora da Unidade de Tratamento Intensivo do HSVP, médica Sabrina Frighetto, 60% são pacientes não vacinados, 30% com esquema vacinal incompleto e 10% vacinados com reforço. “Nos últimos dias estamos presenciando uma baixa na procura por atendimento por coronavírus, mas uma manutenção no número de internações. Neste momento, parece que estamos frente a um platô”, alerta.
Casos graves atingem principalmente idosos, pacientes com comorbidades e pessoas com esquema vacinal incompleto
O número de mortes por Covid-19 também preocupa, uma vez que o acumulado de óbitos segue crescendo em Passo Fundo, com 12 vítimas somente nos últimos sete dias. Assim como no quadro de internações, além da imunização incompleta, a Secretaria Municipal de Saúde observa ainda uma predominância de pacientes idosos e/ou com comorbidades. “Vários do que vieram a falecer eram idosos com muitas comorbidades, inclusive câncer. Entre os mais jovens, a maioria tinha diabetes, hipertensão, obesidade e muitos não estavam com o esquema vacinal completo”, relata Cristine Pilati.