Santas Casas e hospitais filantrópicos acumulam déficit acima de R$ 10 bilhões

Instituições suspenderam cirurgias e consultas eletivas na terça-feira (19) como protesto pela fata de recursos federais ao SUS

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Cerca de 70% dos atendimentos no HCPF são pelo sistema público de saúde.Cerca de 70% dos atendimentos no HCPF são pelo sistema público de saúde.
Cerca de 70% dos atendimentos no HCPF são pelo sistema público de saúde.
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Agravada pela pandemia, e cujo aporte de R$ 2 bilhões anunciados pelo Governo Federal no ano passado ainda consta como pendência, o nível de endividamento das Santas Casas e hospitais filantrópicos, aliado ao subfinanciamento dos atendimentos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), fizeram com que ao menos 16 hospitais gaúchos suspendessem, na terça-feira (19), as consultas e cirurgias eletivas agendadas para aquele dia como forma de protesto em um ato simbólico por mais recursos financeiros.

Nesta que é considerada a maior crise da história no setor filantrópico de saúde, as dívidas somadas de todas as entidades ultrapassam R$ 10 bilhões, segundo mencionou o presidente da Federação das Santas Casas, Luciney Bohrer. “Se nós não tivermos um cuidado com os hospitais e com o Sistema Único de Saúde, teremos uma grande dificuldade na manutenção do serviço e poderemos ter até mesmo na assistência por parte da população”, alertou Bohrer, que também é administrador do Hospital das Clínicas de Passo Fundo (HCPF). A unidade hospitalar foi uma das que aderiu à paralisação no Estado, reagendando as consultas marcadas para a data do protesto.

Nos últimos seis anos, 315 hospitais filantrópicos fecharam as portas em razão dos impactos financeiros e a defasagem na tabela de repasses federais. Apenas no ano passado, mencionou Bohrer, o HC teve um déficit de R$ 26,4 milhões na verba canalizada para custear o atendimento público de saúde. “Esses valores foram subsidiados, em parte, pelo próprio Hospital de Clínicas. Então, há uma demanda grande”, ponderou. Das 20 mil internações registradas no HC em 2021, 14 mil foram pelo SUS representando 70% de toda a assistência médica e de enfermagem prestadas no hospital aos passo-fundenses e pacientes de outras localidades da região.


Instâncias federais

Junto à administração do Hospital São Vicente de Paulo (HSVP), diz o presidente da Federação das Santas Casas, foi entregue às autoridades de saúde locais e ao Ministério Público um documento relatando as dificuldades financeiras atravessadas pelas instituições filantrópicas. Na próxima semana, entre os dias 26 e 27 de abril, uma comitiva estará em Brasília para uma audiência com o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, e com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, para reforçar a necessidade da fonte de recursos que possam dar condições de estas instituições suportarem o impacto financeiro.

Por meio de nota, a Federação das Santas Casas e hospitais filantrópicos do Rio Grande do Sul também manifestou preocupação com a insuficiente destinação de verbas federais mencionando que, desde o início do plano real, em 1994, a tabela SUS e seus incentivos foi reajustada, em média, em 93,77%, enquanto o INPC (Índice de Preços no Consumidor) foi em 636,07%, o salário-mínimo em 1.597,79% e o gás de cozinha em 2.415,94%.

Conforme a entidade, as Santas Casas e hospitais filantrópicos requerem a alocação de recursos anuais de R$ 17,2 bilhões para manter um equilíbrio financeiro.

Na terça-feira (19), 16 hospitais gaúchos suspenderam consultas eletivas: Santa Casa de Porto Alegre; Hospital Espírita de Porto Alegre; Hospital de Clínicas de Passo Fundo; Santa Casa de Rio Grande; Hospital São Patrício de Itaqui; Hospital Santa Bárbara de Encruzilhada do Sul; Hospital Santa Rita de Jaboticaba; Hospital São Francisco de Augusto Pestana; Hospital Bom Pastor de Ijuí; Hospital da Caridade de Ijuí; Hospital de Crissiumal; Hospital de São Luiz Gonzaga; Hospital de Três de Maio; Hospital de São Miguel das Missões; Hospital de Santo Cristo e Hospital Cândido Godói.

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