Durante os dois meses de campanha para ampliar a cobertura vacinal contra o sarampo, que chegou a ser prorrogada até junho, apenas 32,6% das crianças receberam a vacina em Passo Fundo. Segundo os dados do Ministério da Saúde, isso representa 3,9 mil doses aplicadas nos pequenos que completaram um ano e naqueles de 4 e 6 anos de idade aptos a receber a injeção de reforço.
Das mais de 6,4 mil doses administradas nos postos de vacinação abertos no município, 2,3 foram direcionadas aos profissionais da saúde, enquanto 18 em adolescentes e adultos. “É um indicativo bem baixo. Nós até orientávamos [os responsáveis pelas crianças] que, junto com a vacina da Influenza, fosse aplicada a do sarampo”, afirmou a Vigilância Epidemiológica de Passo Fundo ao O Nacional na segunda-feira (18).
A preocupação dos agentes de saúde é a mesma manifestada, no domingo (17), pelo órgão nacional, responsável por sinalizar uma queda no índice de imunização contra a doença em todo o país e cujos registros contabilizam 47,08% das crianças com a tríplice viral, que também protege contra a caxumba e a rubéola, sendo que a meta de cobertura vacinal é 95%.
Conforme o painel de imunização, o público-alvo com mais aplicações da dose é majoritário entre os bebês passo-fundenses a completarem um ano. Nesta faixa etária, foram aplicadas 885 doses, enquanto 839 crianças de 4 anos receberam a vacina.
Duas doses
Sendo aplicada em duas doses, a tríplice viral deve ser tomada com um ano de idade, e a segunda, com 15 meses, segundo reforçou o Ministério da Saúde através de nota.
Apesar da campanha nacional já ter sido encerrada, os postos de vacinação seguirão administrando as doses até dezembro. “Uma das consequências da queda da vacinação é o avanço da doença. Depois de ter recebido a certificação de país livre do sarampo pela Organização Pan-americana de Saúde (Opas), em 2016, o Brasil passou a registrar, nos últimos anos, o avanço da doença em todo o território nacional”, alertou a pasta.
Além do órgão federal, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) divulgaram dados que corroboram a maior queda contínua na taxa de imunização entre os pequenos nos últimos 30 anos. “O sarampo pode ocorrer em qualquer idade em não vacinados com duas doses acima de um ano ou em quem não teve a doença. A vacinação é fundamental para evitar as complicações e morte. Além de proteger os vulneráveis ao redor que ainda não podem receber as vacinas ou que têm algum problema relacionado a imunidade”, reforçou o pediatra e infectologista do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz), Marcio Nehab.
Desde a década de 1960 o SUS disponibiliza vacinas contra sarampo para a população brasileira: a tríplice viral, que protege contra o sarampo, caxumba e rubéola; e a tetra viral, para imunizar contra o sarampo, caxumba, rubéola e catapora.