HSVP registra aumento no número de transplantes

Mesmo com o dado positivo, dos 40 protocolos de morte cerebral este ano, apenas 30% das doações foram efetivadas

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Foto: Divulgação/HSVPFoto: Divulgação/HSVP
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A pandemia da Covid-19 provocou reflexos negativos em diferentes áreas da saúde pública, entre eles, a redução nas doações de órgãos e tecidos para transplantes. Por isso, as Instituições de referência do Brasil correm contra o tempo para contemplar o maior número de pessoas que estão nas filas de espera. Uma pessoa saudável, ao doar diferentes órgãos, representa até 120 anos de vidas para outras pessoas.


Aumento no número de transplantes

Segundo dados divulgados pela Organização de Procura de Órgãos (OPO 4) os esforços das equipes do Hospital São Vicente de Paulo (HSVP) começam a ser percebidos, com um aumento significativo, nos casos de transplantes neste ano. Em 2021, foram 27, uma média de dois procedimentos por mês. Agora, de janeiro a agosto deste ano, essa média subiu para três. Em 2022, já foram feitos 36 transplantes (fígado, córnea, rins e ósseos). Depois da retirada do órgão, ele é enviado para Porto Alegre que define quem será o receptor a partir dos dados do sistema que traz a lista única nacional de espera.

Coordenador do serviço, o médico Cassiano Ughini Crusius, afirma que cada dia de espera é um dia a menos de esperança para quem está na fila. “Há pessoas que dependem disso para viver e pacientes que precisam de um órgão para terem uma qualidade maior de vida. Os transplantados de rim, por exemplo, conseguem viver sem a hemodiálise e não precisam vir mais ao Hospital, três vezes por semana, para ficarem conectados a uma máquina que faz a função renal”.

“Neste ano, tivemos aproximadamente 40 protocolos de morte cerebral, quando é possível a doação de múltiplos órgãos. Mas deste número apenas 30% das doações foram efetivadas. Infelizmente, as famílias poderiam ter aceitado doar órgãos, no entanto, não o fizeram justamente por não saber a vontade do doador ou por desconhecimento do processo. Normalmente o que acontece no processo de doação é que os familiares invariavelmente respeitam o desejo do doador manifestado em vida, por isso é fundamental falar sobre o assunto entre si. Desta forma, conseguiremos reduzir as negativas na hora da decisão e aumentar ainda mais a doação de órgãos”, relatou o especialista do HSVP. 


Protocolo

O protocolo de constatação precisa da morte é um processo extremamente rígido e sério. A resolução nº 2173, do Conselho Federal de Medicina, padroniza os critérios para o diagnóstico de morte encefálica, inclusive dizendo que o procedimento não deve ser feito por profissionais que integram equipes de remoção e transplante. “Primeiro um médico testa seis reflexos do cérebro para verificar se ele ainda tem viabilidade. Uma hora depois outro médico repete os testes em tempos diferentes para comprovar o óbito. Por último, um terceiro médico faz exames de imagem atestando a morte cerebral. Uma vez declarado o diagnóstico não há dúvidas sobre o resultado. Então, a morte biológica é irreversível”, explicou o coordenador da OPO 4.


Capacitação 

Neste mês, o HSVP e a OPO 4 promoveram um curso de capacitação sobre morte encefálica para médicos que atuam em emergências e UTIs. O treinamento é obrigatório para o profissional que atende pacientes com diagnósticos de patologias graves, que podem evoluir para óbito e com grandes chances de se tornarem doadores de órgãos. A partir de agora, mais 16 profissionais da região estão certificados a fazerem o teste de morte encefálica com o aval da Escola Estadual de Saúde do Rio Grande do Sul. A habilitação feita pelos instrutores médicos, Cassiano Ughini Crusius e Marcos Dozza, proporciona maior confiabilidade às famílias e objetiva aumentar o número de doações para salvar vidas.


“Goles de Afeto” no HSVP

Para encerrar a campanha do Setembro Verde e despertar a gentileza, empatia e solidariedade nas pessoas, as equipes da OPO 4 e da Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante (CIHDOTT), promoveram a segunda edição da ação “Goles de Afeto” no Hospital. Cerca de 50 garrafas decoradas com flores e mensagens foram distribuídas, em diferentes ambientes da Instituição, com o objetivo de sensibilizar os colaboradores e pacientes para a importância da doação de órgãos.

A enfermeira da OPO 4, Fabiana Dal Conte Buzatto, explicou um pouco mais sobre a ideia de multiplicar boas ações com os recados transmitidos através das garrafas. “Quando você acha a garrafa com flores e a frase dizendo que uma gentileza muda qualquer dia, é possível visualizar que as demais garrafas estão vazias e desta se sente motivado a compartilhar suas flores com as outras. A doação de órgãos funciona da mesma forma, a vida pode continuar mesmo quando outra vida acaba. Simbolicamente nós conseguimos visualizar este ato de generosidade”, disse a enfermeira. 

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