A Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul (SPRS) expressa preocupação com o crescente número de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) em crianças no estado. Com o anúncio do decreto de estado de emergência em saúde pública, a entidade reforça a importância de conscientizar a população sobre os sintomas e medidas preventivas relacionadas à SRAG. De acordo com os dados mais recentes, o número de crianças hospitalizadas com SRAG cresceu 23% em 2023, totalizando 2.806 casos até o momento, comparado a 2.279 casos no mesmo período do ano anterior. A SRAG é uma condição respiratória grave, geralmente causada por vírus como o sincicial respiratório, influenza e coronavírus. "A SRAG em crianças é uma preocupação significativa para a comunidade médica e para os pais. É essencial que estejamos cientes dos sintomas e medidas preventivas para proteger nossas crianças. É importante que os pais estejam atentos aos sinais de SRAG em crianças, como febre, tosse, falta de ar e dificuldade respiratória", ressaltou o presidente da Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul, Sérgio Amantea.
Vacinação
O médico pediatra, Benjamin Roitman, reforça a importância da vacinação nesse processo. "A vacinação contra Covid e gripe são indispensáveis. São imunizantes disponíveis em todos os postos de saúde e para todas as idades. Além disso, a lavagem frequente das mãos e o distanciamento social são medidas essenciais para prevenir a propagação das doenças respiratórias", disse. O membro do Comitê de Infectologia da Sociedade de Pediatria RS, Juarez Cunha, também salienta a importância de os pais não descuidarem do calendário vacinal. Ele salienta que há vários vírus circulando: influenza que causa a gripe, o SARS-CoV-2 que causa a Ccovid e o VSR causador da bronquiolite. A orientação para a população é conversar com o seu pediatra que pode fornecer informações e orientações sobre as síndromes gripais e respiratórias.
Vacina para o VSR
Os Estados Unidos aprovaram a primeira vacina do mundo contra o vírus sincicial respiratório (VSR). A vacina Arexvy, desenvolvida pela farmacêutica britânica GSK, foi autorizada para pessoas com 60 anos ou mais. O VSR é conhecido por causar bronquiolite em crianças pequenas e idosos, podendo ser perigoso e até fatal. A vacina foi testada em aproximadamente 25 mil participantes, demonstrando uma eficácia de 83% na prevenção de infecções do trato respiratório inferior. A autorização da vacina nos Estados Unidos representa um avanço importante na prevenção dessa doença disseminada e contagiosa. Ainda não há previsão de início da aplicação em território brasileiro. No Brasil, a possibilidade de uso de anticorpos existe, mas é ainda bastante restrita para pacientes específicos. O Ministério da Saúde disponibiliza o uso do anticorpo monoclonal palivizumabe para crianças elegíveis, que são aquelas com maior risco de complicações da doença, como prematuros e crianças com doenças pulmonares crônicas. A dose indicada é de 15 mg/kg/dose, por via intramuscular, com até 5 doses e intervalo de 30 dias.
Estado de emergência no Rio Grande do Sul
O Decreto 57.090/2023, publicado na semana passada, declara estado de emergência em saúde pública em todo o território do Rio Grande do Sul para fins de prevenção e de enfrentamento da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) em crianças. O texto determina que as redes hospitalares que prestam serviços ao Sistema Único de Saúde (SUS) deverão adotar medidas administrativas para priorizar a disponibilização dos leitos clínicos de suporte ventilatórios e de UTI pediátricas para os casos de SRAG em crianças. O estado de emergência tem a vigência de 90 dias, podendo ser prorrogado conforme evolução dos indicadores epidemiológicos. O decreto também segue as diretrizes da Portaria 756/2023, do Ministério da Saúde, que institui, em caráter excepcional e temporário, incentivo financeiro de custeio para o atendimento de crianças com SRAG, na atenção de Média e Alta Complexidade do SUS. Segundo dados do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), o Rio Grande do Sul possuiu 264 leitos de UTI pediátrica em 26 hospitais.