Começamos o Outubro Rosa, campanha que iniciou no Brasil na década de 1990 e que hoje, ilumina o mundo da cor rosa pela prevenção do câncer de mama. O mais incidente entre as mulheres (depois do de pele não melanoma), com 74 mil casos novos previstos por ano até 2025, segundo o INCA (Instituto Nacional de Câncer de Mama). Estudos mostram que aderir a um estilo de vida mais saudável faz toda diferença no combate à doença.
Durante a campanha
O mastologista Leandro Lenzi Pacheco, que atua em Passo Fundo e coordena o Ambulatório de Mastologia do Hospital São Vicente de Paulo (HSVP), gostaria que todos os meses fossem ‘Outubros Rosas’ no Brasil. Em sua percepção, durante esse mês de campanha, as pacientes procuram mais seus médicos para fazerem exames de rotina. E desta maneira obtém-se resultados melhores quanto ao diagnóstico precoce. “Autoexame das mamas e mamografia são estratégias para fazermos diagnóstico precoce. A mamografia é a principal e precisa ser feita a partir dos 40 anos, pois reduz em 25% a mortalidade por câncer de mama”.
Conforme o especialista, câncer de mama tem a ver com estilo de vida.
Doença multifatorial
A questão genética está presente em 10% do risco de se desenvolver câncer de mama. Nesse contexto, o estilo de vida assume posição importante no sentido da prevenção. “Dietas adequadas, perda de peso, exercício físico reduzem muito os riscos de se ter câncer de mama, outros tipos de cânceres, além de doenças cardiovasculares”, pontua Pacheco. Ao caracterizar o câncer de mama, o mastologista explica que é uma doença multifatorial, sendo que vários fatores a predispõem. “Os estudos apontam que mudou o estilo de vida da mulher. Hoje, há mais sedentarismo, dieta rica em gordura, mulheres optam por não engravidar, fazem uso prolongado de hormônios, fatores que podem desencadear câncer de mama e outras doenças”, alerta.
Mulheres jovens na mira do câncer de mama
O Brasil vem registrando um aumento relevante no número de casos de câncer de mama entre mulheres jovens. Estudo recente realizado pelo Instituto de Câncer do Estado de São Paulo (Icesp) mostra que a proporção de pacientes com menos de 40 anos foi de 7,9% em 2009, passando a 21,8% em 2020. Esta realidade também está sendo observada por Pacheco no dia a dia do consultório. “Temos visto muitas pacientes abaixo dos 50 anos com neoplasia. Os trabalhos científicos sinalizam uma incidência de câncer de mama em até 46% de mulheres com menos de 50 anos no Brasil. Diante disso, precisamos ter um olhar mais atento às mulheres mais jovens”, constata o mastologista. Ele salienta que uma das causas prováveis que apresentam aumento na incidência entre jovens são dieta com consumo de alimentos ultraprocessados, sedentarismo, uso elevado de álcool, entre outros, que configuram o estilo de vida adotado por muitas mulheres jovens.
Cuidar de si faz toda diferença!
Este ano os países se uniram e lançaram diretrizes que preconizam o diagnóstico precoce e a redução dos casos de câncer de mama. De acordo com Pacheco, tais diretrizes são políticas públicas que dependem de cada país para vislumbrar sua realidade e realizar ações de prevenção. No Brasil, segundo ele, há um número de mamógrafos necessários, mas nem todas pacientes têm acesso a esses exames. E o fato primordial refere-se a mudança no estilo de vida, com melhor alimentação, prática de atividade física, menor estresse, redução do consumo de álcool, como pontos cruciais para prevenir a neoplasia de mama.
“Todo câncer deve ser considerado uma doença grave, observado com cuidado e ser tratado de acordo com todas orientações. Por isso, pesquisas atuais reforçam a adoção de hábitos de vida saudáveis como fator decisivo e que fará toda diferença quanto à prevenção, melhor tratamento e aumento das chances de cura do câncer de mama”, enfatiza Pacheco.