Mamografia: número de exames volta a crescer

Dados mais recentes de mamografias no SUS, mostram um aumento na média de mamografias mensais após os anos mais intensos de pandemia de covid-19

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A mamografia é o principal exame para detecção precoce do câncer de mamaA mamografia é o principal exame para detecção precoce do câncer de mama
A mamografia é o principal exame para detecção precoce do câncer de mama
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A campanha Outubro Rosa enfatiza a importância da prevenção do câncer de mama e diagnóstico precoce, disseminando informações sobre esta doença que atinge mais de 73 mil mulheres e provoca cerca de 18 mil mortes todos os anos no Brasil. A mamografia é o principal exame para o diagnóstico precoce do câncer de mama, que é o mais incidente e de maior mortalidade entre as mulheres. Expandir o número de exames entre a população-alvo e o acesso ao exame é um enorme desafio no Brasil, principalmente em função das consequências da pandemia de covid-19. No entanto, dados do Sistema de Informação do Câncer (SISCAN) mostram que, em 2022, foram realizadas entre janeiro a maio (últimos dados apresentados no sistema) mais de 1,2 milhão de mamografias, cerca de 240 mil por mês, 30% a mais que o mesmo período do ano anterior.

Passo Fundo

No Rio Grande do Sul (RS), em 2019, pré-pandemia, foram feitas 211 mil mamografias. Em 2020, cerca de 145 mil exames foram realizados, uma queda de cerca de 30%. Em 2021, as mamografias voltaram a aumentar (192 mil) e, em 2022, entre janeiro e maio, 96,5 mil exames foram realizados. Se comparamos com a média mensal do ano anterior, passou de 16 mil para cerca de 19 mil mamografias em 2022. Em Passo Fundo, foram 4 mil mamografias em 2019. Em 2020, diminuiu para 3,6 mil e, em 2021, superou o ano de pré-pandemia, com 4,5 mil exames realizados. Em 2022, só entre janeiro e maio, foram 1,8 mil mamografias. Comparado com o mesmo período do ano anterior, a média mensal alcançou cerca de 360 exames mensais, quase o mesmo patamar do ano anterior.

Acesso à mamografia

O oncologista do Centro de Tratamento do Câncer (CTCAN), Dr. Alvaro Machado, enfatiza alguns fatores importantes para este cenário. “Estamos alcançando nosso desempenho pré-pandemia, mas ainda é absolutamente insuficiente para reduzirmos a mortalidade pelo câncer de mama. Passo Fundo deveria realizar, no sistema público, do qual depende cerca de 70-75% da população, aproximadamente 23 mil exames anuais”, observa. Mesmo com a recuperação, o cenário está longe do ideal. O país tem mais de 15 milhões e o RS cerca de 1 milhão de mulheres entre 50 e 69 anos, população recomendada pelo Ministério da Saúde para a mamografia de rastreamento. “Ainda é preciso muito trabalho para mudar este cenário. É necessário um amplo, intenso e contínuo programa de conscientização, busca ativa para realização de exames, facilitar o acesso à mamografia e especialistas na rede pública, além, é claro, de acesso aos tratamentos mais modernos. As mortes e a incidência de câncer de mama aumentam ano a ano".

Novos medicamentos

Além dos impactos negativos da pandemia de covid-19 no diagnóstico e tratamento do câncer de mama e de outros cânceres, representantes das organizações de pacientes e a SBOC lutam pela incorporação de novos medicamentos, que influenciam no tempo de vida e qualidade de vida das pacientes. “Muito se evoluiu e se avança anualmente no tratamento do câncer de mama, aumentando as taxas de cura, o tempo de vida e a qualidade de vida das pacientes, mas as mulheres atendidas no sistema público ainda têm enormes restrições de acesso”, ressalta o oncologista.

Por que fazer a mamografia?

A mamografia deve ser feita anualmente dos 40 aos 70 anos de idade, conforme orientação da Sociedade Brasileira de Mastologia. Este é o principal exame para detecção precoce do câncer de mama. “Estudos estimam redução de 20 a 25% nas mortes por câncer de mama nas populações rastreadas com mamografia. Além disso, quanto antes descobrir mais chances de cura e menores as sequelas”, afirma o também oncologista do CTCAN, Dr. Alex Seidel. “Entre os sintomas estão nódulos no seio, no pescoço e axilas, saída de líquido anormal pelos mamilos e qualquer outra alteração atípica no peito ou mamilo. Faça seus exames de rotina e, ao perceber qualquer sinal, procure o seu médico”, alerta o especialista.

Dicas para a prevenção do câncer de mama

Entre os fatores de risco para o câncer de mama estão hábitos comportamentais, fatores ambientais, familiares, hereditários, e associados ao ciclo reprodutivo da mulher. Conforme o Inca, cerca de 20% dos casos de câncer de mama podem ser evitados com a adoção de hábitos saudáveis. “Faça exercícios físicos diários de média/alta intensidade por 1 hora, mantenha uma alimentação saudável, sem alimentos multiprocessados, carnes embutidas, bebidas adoçadas artificialmente e bebidas alcoólicas. Priorize alimentos integrais e orgânicos, mantenha um peso adequado, evite o tabaco, amamente seu bebê, identifique os fatores de risco o quanto antes (hábitos, história reprodutiva, familiares, ambientais e genéticos) e faça a mamografia anualmente a partir dos 40 anos ou, caso identificar risco, inicie antes”, salienta Seidel.

Câncer de mama em números

A estimativa do Inca para o triênio 2023/2025 é de 73.610 casos todos os anos, ou seja, 66,54 novos casos a cada 100 mil mulheres. Além disso, são 18.032 mortes anuais. No Rio Grande do Sul, são 3.720 novos casos anualmente e cerca de 1,3 mil mortes. 

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