De um minuto para o outro, muita coisa pode ocorrer transformando para sempre a vida de uma família inteira, milésimos de segundos fazem diferença e podem determinar a extensão diante de um grave problema de saúde como em um Acidente Vascular Cerebral (AVC). Neste domingo, 29 de outubro, Dia Mundial do AVC, serve de alerta para a população sobre a importância da prevenção e da gravidade da doença que só no primeiro semestre deste ano ceifou a vida de mais de 50 mil pessoas no Brasil.
A vida de Vilmar Manica de 65 anos, da cidade Água Santa, e de sua família mudou completamente quando no início desse ano passou mal e precisou ser socorrido para atendimento médico. “Trabalhamos no meio rural, com vaca de leite, o pai estava lavando o resfriador quando se sentiu mal, uma forte dor no peito, aí procuramos atendimento médico e ele foi transferido de madrugada para Passo Fundo”, contou o filho Cleison Mânica.
Vilmar passou por uma cirurgia de emergência de 7h30min. “Ele fez a substituição da veia aorta por uma prótese, fez o conserto de uma válvula no coração e uma ponte de safena. Demorou cinco dias para abrir o olho esquerdo, nesse meio tempo, teve o diagnóstico do AVC”, disse.
Conforme o filho Cleison, Vilmar ficou 25 dias na UTI e 39 dias hospitalizado, tendo sequelas na fala, deglutição e no movimento do lado direito. “Ele teve alta do hospital com a prescrição de fazer fonoterapia e fisioterapia, achamos insuficiente, que a gente precisava algo mais, fomos buscar atendimento particular e uma fono nos falou que, pelo meio convencional, era difícil de reverter, porque ele tinha grave problema de cognição, mas que hoje em dia tem tecnologias mais avançadas como a neuromodulação, estimulação craniana que podem auxiliar bastante nesse processo”, contou.
Hoje Vilmar está há quase sete meses em tratamento e a família já vê uma grande melhora na sua reabilitação. Cleison conta que o AVC transformou a vida de toda a família. “Vale a pena as pessoas buscarem exames e práticas que possam minimizar a chance disso ocorrer, porque de um segundo para o outro mudou drasticamente as nossas vidas, porque não atinge só a pessoa, atinge a família, interfere muito na qualidade de vida. Desde que aconteceu, me desliguei do trabalho, voltei para ajudar no cuidado com o meu pai e meu irmão na propriedade e, mesmo eu deixando de viver a minha vida para cuidar dele, e ainda assim tem bastante limitação”, finalizou.
Fique atento aos sinais
De acordo com a fisioterapeuta do Instituto Umani, integrante das redes Brasil AVC e Reab AVC, Nedi Magagnin, há sinais que podem ajudar a identificar que a pessoa está tendo um acidente vascular. “Quando a pessoa está do nosso lado e começa a ficar mais quieta, vai conversar e a boca fica torta, puxa para um lado o outro não mexe, e você pede para a pessoa falar, ela não consegue, ou fala uma palavra e não diz mais nada. Pede para ela levantar os dois braços e um não levanta, pede para levantar e a pessoa já não fica mais em pé, corre para emergência ou chama uma ambulância porque ela pode estar tendo um AVC”, orientou.
Tempo é cérebro
Segundo a Sociedade Brasileira de AVC, em média 978 pessoas têm um AVC por dia no Brasil, o que significa que a cada 1,5 a 2 min aparece um novo caso no país. Além disso, segundo a Organização Mundial do AVC, até 2050 pode-se ter um aumento de 50% nos casos chegando a 10 milhões.
Os números alarmantes chamam a atenção para o problema que na maioria dos casos deixa muitas sequelas necessitando de reabilitação. “Durante um evento desse tipo, cerca de 1,9 milhões de neurônios morrem por minuto, por isso tempo é cérebro, quanto antes entrar no atendimento médico de emergência, menor as sequelas”, pontua Nedi.
Dia D
Neste domingo (29), das 15h às 18h, no Passo Fundo Shopping, o Instituto Umani estará realizando um circuito com profissionais que vão esclarecer sobre a prevenção, identificação do AVC, cuidados emergenciais, reabilitação neurofuncional e adaptações da vida diária para o paciente de AVC.
Fotos: Jéssica França