Passo Fundo está acima da média nacional nas mortes por HIV/Aids

Boletim de HIV/Aids apresentou dados alarmantes sobre o vírus e a doença. RS está em primeiro lugar no ranking de mortalidade e em 6º nos novos casos em comparação nacional

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Testagens rápidas ajudam no diagnóstico precoce do HIV/Aids   - Fotos: Jéssica FrançaTestagens rápidas ajudam no diagnóstico precoce do HIV/Aids   - Fotos: Jéssica França
Testagens rápidas ajudam no diagnóstico precoce do HIV/Aids - Fotos: Jéssica França
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O HIV tem prevenção e tratamento, mas muitas vezes o diagnóstico tardio acaba prejudicando a saúde, evoluindo para a doença, a Aids, consequentemente trazendo prejuízos para o portador. Em todo mundo há campanhas que buscam difundir informações sobre os cuidados preventivos e o tratamento para quem recebeu o diagnóstico positivo.

Neste mês de dezembro foi lançado o Boletim Epidemiológico do HIV e da Aids pelo Ministério da Saúde, nele é possível visualizar os números nacionais, por estados e municípios. No site http://indicadores.aids.gov.br/ é possível conferir os dados de novas detecções, óbitos, casos de gestantes e crianças infectadas, média de idades, escolaridade, entre outros indicadores epidemiológicos. 

Segundo o levantamento dos últimos cinco anos (de 2018 a 2022) que leva em consideração as taxas de detecção na população geral, mortalidade e registros em menores de cinco anos de idade, no ranking dos 100 municípios com mais de 100.000 habitantes, Passo Fundo está na 6ª colocação no estado e na posição 81ª em todo o país. Outros municípios integram o ranking como Canoas (2ª), Gravataí (7ª), Novo Hamburgo (33ª), Bagé (44ª) e Pelotas (64ª).

De acordo com a enfermeira e coordenadora do SAE – Serviço de Atendimento Especializado em HIV/AIDS de Passo Fundo, Seila de Abreu, a média anual, comparando os últimos cinco anos, é de 80 casos por ano na cidade. “Em 2022 fechou em 74 casos, mas se fizer a média dos últimos cinco anos está fechando 80 casos por ano”, disse.

O HIV é diferente da Aids

Segundo Seila, quando a pessoa faz o teste é avaliado se tem somente o vírus do HIV ou se ela já tem a doença que é a Aids, existindo critérios para dar esse posicionamento. “Tem muitas pessoas que têm o vírus, mas que não têm a Síndrome. A síndrome é a doença propriamente dita, então quem tem AIDS, é porque tem o vírus do HIV. Agora quem tem o HIV não necessariamente tem Aids, às vezes só é portador do vírus, transmite igual se não estiver tratando, mas não está com a doença”, explicou.

Maioria dos casos em 2022 é de pessoas que já estavam com a doença

A detecção precoce do vírus HIV contribui para o tratamento da pessoa possibilitando que ela tenha uma vida normal, contudo, segundo Seila, no ano passado houve uma inversão do panorama no município onde a maioria dos pacientes detectados já estava também com a Aids. “Nós vínhamos desde 2016 onde todas as pessoas que fizeram diagnóstico na maioria era somente portador do HIV, em 2022 ocorreu uma inversão, onde a maioria já estava com Aids, tendo o diagnóstico tardio, já bem acometidos com a doença”, comentou.

Maioria dos infectados possuem ensino superior completo

Segundo o Boletim e no índice de distribuição percentual dos casos de Aids notificados no Sisan em Passo Fundo, segundo a escolaridade por ano de diagnóstico, 20,5% dos casos eram de pessoas que possuem ensino superior completo; sendo 18, 2% para o ensino médio completo e 6,8% para o ensino fundamental completo.

Passo Fundo acima da média nacional da mortalidade

A maioria dos casos de HIV/Aids, segundo Seila, é de adultos jovens em fase sexual ativa de 20 a 49 anos. Outro dado alarmante sobre o tema é que os óbitos no município estão acima da média nacional. “A média nacional de óbitos é 4.1, do Rio Grande do Sul é de 7.3 e de Passo Fundo 9.2 para cada 100 mil habitantes. Em 2022, tivemos 19 pessoas que morreram, é um número muito alto e a nossa população de Passo Fundo precisa ter a sensibilidade que as pessoas não estão se protegendo, estão se expondo em relações desprotegidas, não estão fazendo os exames com frequência e quando fazem já descobrem em fase avançada da doença”, explicou.

Prevenção

O HIV/Aids pode ser evitado por meio do uso de camisinha, além disso a regularidade de exames e uso de medicações também podem ajudar na prevenção. 

De acordo com a coordenadora do SAE, há dois medicamentos que podem ser usados para prevenção, sendo o PREP e o PEP. “O PrEP é indicado para quem não tem o HIV, mas está mais exposto, como profissionais do sexo e pessoas que já tem parceiros sorodiferentes ou qualquer pessoa que por algum motivo não conseguiu usar o preservativo, que estão se expondo com frequência tem direito ao uso da PrEP também. Já o PEP é como uma pílula do dia seguinte, que a mulher usa para não engravidar, é usado em caso de urgência para quem pode ter sido exposto ao HIV, como situações de violência ou mesmo profissionais de saúde em acidente de trabalho, ele deve ser tomado em até 72h após a exposição por 28 dias”, explicou Seila.

Segundo Seila, cerca de 1,5 mil pessoas com HIV retiram a medicação de forma gratuita no SAE, sendo que 950 são residentes de Passo Fundo e 550 da região.

Como a epidemia de HIV/Aids no Brasil está concentrada em alguns segmentos populacionais que respondem pela maioria de casos novos da infecção, o Ministério da Saúde preconiza, desde 2010, o uso de medicamentos antirretrovirais como mais uma forma de prevenção para o HIV, dessa forma, o PEP (Profilaxia Pós-Exposição) e o PrEP (Profilaxia Pré-Exposição) são utilizados para reduzir o risco de adquirir a infecção pelo HIV. “Quando a gente recebe a confirmação que tem HIV parece que você já vai morrer, mas não é assim, a medicina evoluiu muito, possibilitando que tenhamos uma vida normal. Digo principalmente para as mulheres, que não tenham medo de pedir para seus parceiros se prevenir e façam exames pois o diagnóstico precoce faz toda a diferença”, disse Helena (HIV positiva).

Dados estaduais

Entre as capitais do país, Porto Alegre é a que apresentou maior índice. Sobre a taxa de detecção, o Rio Grande do Sul ficou na 6ª colocação com maior índice no país: 23,9 casos por 100 mil habitantes. Os Estados líderes nesse índice são Roraima (34,5), Amazonas (32,3), Pará (26,3), Santa Catarina (25,3) e Amapá (25). A média nacional é de 17,1. Já em relação à mortalidade, o RS é o líder: 7,3 óbitos por 100 mil habitantes – a média nacional é de 4,1. Em 2022, no Estado, foram 1.130 mortes por causa básica notificadas como Aids.

SAE – Serviço de Atendimento Especializado em HIV/AIDS

Todas as unidades de saúde de Passo Fundo fazem testes rápidos o ano inteiro para detecção do HIV/Aids. O SAE além de prestar orientação também realiza atendimentos aos pacientes, fazendo testes rápidos.

Endereço: Rua Silva Jardim, Nº 714 – Centro.

Telefone 3311-7236/3327-2362 

 


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