O nitrogênio líquido para o congelamento do câncer

Inédita no Brasil, crioablação de tumor ósseo foi realizada no São Vicente

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Primeiro procedimento de congelamento em câncer ósseo no Brasil foi no HSVP  - Foto: Ana Paula Koenemann/ HSVPPrimeiro procedimento de congelamento em câncer ósseo no Brasil foi no HSVP  - Foto: Ana Paula Koenemann/ HSVP
Primeiro procedimento de congelamento em câncer ósseo no Brasil foi no HSVP - Foto: Ana Paula Koenemann/ HSVP
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Sempre em destaque no cenário médico como uma das grandes instituições hospitalares do país, o Hospital São Vicente de Paulo, de Passo Fundo, segue inovando. Agora foi o sucesso do primeiro procedimento de crioablação de tumor ósseo do Brasil com o uso do equipamento IceCure Pro Sense. A tecnologia de ponta usa o nitrogênio líquido para o congelamento da lesão do câncer. O radiologista intervencionista Dr. Guilherme de Araujo Gomes utilizou a nova técnica em um homem, de 77 anos, com diagnóstico de câncer de próstata. O paciente passou por prostatectomia, há dois anos, mas a doença evoluiu com surgimento de lesão óssea metastática. Ao identificar a persistência do quadro, mesmo após a aplicação de radioterapia, optou-se pelo tratamento com crioablação.

Crioablação

O procedimento foi acompanhado pelo urologista Dr. Henrique Nonnemacher, pela anestesista Sueliana Morales, pelo diretor de operações da empresa KTR Medical que é a responsável pelo equipamento da IceCure Pro Sense no Brasil, e por profissionais da enfermagem e da tomografia computadorizada. Guilherme explicou que o método de crioablação consiste no congelamento do tumor presente no tecido ósseo por meio de um resfriamento extremo, rápido e minimamente invasivo. Através do equipamento IceCure, o médico insere cuidadosamente uma agulha, guiada em tempo real por tomografia, para a criação de uma consistente bola de gelo no local preciso. “É impressionante pensar na evolução tecnológica que a oncologia alcança com procedimentos como este realizado no HSVP. Este tratamento traz a esperança de cura para inúmeros tipos de câncer, que antes seriam considerados incuráveis ou necessitariam de cirurgia extensas de alto risco”.

Tecnologia inovadora

Para Guilherme de Araújo Gomes a radiologia intervencionista do Hospital São Vicente de Paulo é um dos centros com maior experiência e sucesso no tratamento de ablação de tumores do país. “Na instituição, a técnica começou a ser oferecida em 2014. Hoje, o HSVP é pioneiro, mais uma vez, por ser o responsável pela primeira crioablação de tumor ósseo com IceCure, o que representa um marco na história da medicina brasileira. Até agora, este procedimento inovador foi realizado outras três vezes no tratamento do câncer de mama, rins e fígado, no Rio de Janeiro”.

Como funciona

Recentemente, um vídeo sobre o procedimento utilizando essa tecnologia viralizou nas redes sociais ao demonstrar como o equipamento funciona. “Nas imagens é possível ver, literalmente, a agulha congelando um tumor. Desde então, a procura dos próprios pacientes pelos tratamentos ablativos de tumores aumentou muito e estes têm solicitado mais informações a seus oncologistas. Esta nova tecnologia representa uma novidade no tratamento de tumores, especialmente porque não há cortes e a recuperação do paciente é praticamente sem dor”, conta o radiologista intervencionista.

Outros tumores

Além de tumores ósseos, a crioablação também permite o tratamento e a cura de tumores do fígado, rim, da mama e do pulmão, preservando toda a função do restante do órgão saudável. O radiologista intervencionista informa que o procedimento não tem contraindicação para pacientes idosos ou com comorbidades, justamente por ser pouco invasivo. Em casos como o que foi tratado no hospital de Passo Fundo, o paciente realizou o procedimento pela manhã e recebeu alta em menos de 24 horas, sem cortes, sem dores e sem tumores. “A nossa expectativa é que cada vez mais pacientes possam ter conhecimento sobre estes tratamentos. É importante ressaltar, entretanto, que este tratamento não substitui o cuidado oncológico. A crioablação, na verdade, entra como mais uma arma contra o câncer, que fica à disposição do oncologista para ser utilizada sempre que considerar importante. O paciente, muitas vezes, realiza a crioablação associada à quimioterapia, uma vez que ela é essencial para garantir o tratamento de lesões que ainda não conseguimos identificar, aumentando as chances de cura e evitando recidivas da doença”, esclarece Guilherme.

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