Para os amantes do céu e da observação dos diferentes espetáculos que ele proporciona, na noite de domingo (15) para segunda-feira (16) um eclipse lunar total será visível em todo o Brasil. Conhecida como “Lua de Sangue”, toda a América do Sul está na região de condições astronômicas favoráveis para a visibilidade de todas as fases do fenômeno, no entanto, tudo dependerá das condições climáticas do dia.
Eclipse Lunar e Solar
O professor de Física da Universidade de Passo Fundo (UPF), Alisson Cristian Giacomelli, lembra que existem dois tipos de eclipse: o solar e o lunar. O eclipse lunar, que será possível observar a olho nu na madrugada de segunda-feira (16), é quando a Lua passa pela sombra da Terra, no momento em que a Terra está entre o Sol e a Lua. Já o eclipse solar é quando a Terra passa pela sombra da Lua. “Temos a Terra e a Lua, a Lua orbitando a Terra e ambos orbitando o Sol e em alguns momentos acontece que a Lua fica entre o Sol e a Terra, e a Terra pode passar pela sombra da Lua, um fenômeno bem mais raro que o eclipse lunar”, esclareceu.
Único em 2022
Esse eclipse lunar será o único visível para o Brasil neste ano e deve ter início às 22h32min do domingo (15), ainda de forma tímida e com pouca visibilidade. Às 23h28min ocorre o primeiro contato visível da Lua com a sombra da Terra e a partir das 00h29min, na madrugada de segunda-feira (26), a Lua já estará totalmente dentro da sombra da Terra, o que se estenderá até às 1h54min. O ápice do fenômeno deve acontecer às 1h11min e o último contato da Lua com a sombra terrestre será às 2h55min, com o fim do eclipse se dando às 3h15min.
Outro eclipse está marcado para o dia 9 de novembro, no entanto, ele não será visível para os brasileiros porque o seu ápice acontecerá às 9h. O professor Alisson explica que quando se está em um lugar do planeta que é noite, toda aquela região consegue ver o eclipse da Lua. Diferente do solar, em que apenas uma pequena região consegue visualizá-lo, mesmo que esteja voltado para o sol naquele momento. “O eclipse da Lua é um pouco mais comum. Se não é todo o ano, geralmente a cada dois anos acontece, seja ele parcial ou total”, destacou, esclarecendo que quando o eclipse é parcial, só uma parte da Lua fica encoberta pela sombra da Terra, enquanto no total, toda a Lua fica encoberta por essa sombra.
A regularidade dos fenômenos está relacionada com o tamanho das sombras projetadas pela Terra e pela Lua. Nesse sentido, a sombra que a Terra projeta na direção da Lua e provoca o eclipse lunar é maior que a sombra que a Lua projeta na direção da Terra e provoca o eclipse solar. “Como a sombra que a Terra projeta é maior, pelo fato da Terra ter um tamanho maior, é mais fácil e provável a Lua passar por essa sombra. Com um tamanho bem menor, é mais difícil acertar exatamente onde você está no planeta, de isso coincindir”, explicou Alisson.
Lua de Sangue
Uma das características marcantes do eclipse lunar é a cor avermelhada que a Lua adquire durante o seu ápice. Pela lógica, ao passar pela sombra da Terra, a Lua deveria ficar escura, no entanto, isso não acontece por dois fenômenos físicos chamados refração e espalhamento da luz. “Quando a luz do Sol passa pela Terra, ela é obstruída pela Terra e como a Lua está do outro lado, a luz não deveria incidir nela. Porém, há uma parte dessa luz do Sol que passa pela atmosfera da Terra e essa atmosfera provoca um desvio na direção da luz, como se fosse uma lente. E esse desvio faz com que essa luz chegue na Lua, mesmo a Lua estando atrás da Terra”, explicou o professor de física Alisson Giacomelli.
Essa luz que chega do sol, no entanto, não é branca e sim avermelhada. Desse modo, associado a esse fenômeno de mudança da direção da luz do Sol chamado refração, tem-se o espalhamento da luz pelas moléculas presentes na atmosfera. Esse espalhamento acontece de maneira mais intensa com cores azuladas, enquanto as de cores avermelhadas sobram e conseguem alcançar a Lua.
A Lua de Sangue coincide com outro fenômeno que é a Superlua. Ela ocorre quando a Lua passa mais próximo à Terra, no entanto, essa distância não é totalmente perceptível para quem observa. “É muito pequena essa diferença de distância. Olhando para a Lua, você não enxerga ela de fato maior, mas a gente chama esse fenômeno de Super Lua quando ela coincide com o eclipse lunar total”, pontuou Alisson.
Previsão para o domingo
De acordo com a Climatempo, a previsão é de um rápido deslocamento de uma frente fria do Sul para o Sudeste do Brasil entre os dias 15 e 16, o que favorece a visibilidade para o Rio Grande do Sul, estando em uma região com menor nebulosidade.
Transmissão ao vivo
O curso de Física da Universidade de Passo Fundo (UPF) realizará uma transmissão ao vivo do eclipse lunar via Youtube no canal “Loucos da Fisíca”, a partir da meia-noite da segunda-feira (16).